quinta-feira, 24 de junho de 2010

o toque;

O melhor jeito que encontrei de viver é esse.
Com meus dedos entrelaçados nos teus.
Confundindo minhas pernas com as tuas, durante a noite.
Entrando na concha que me acolhe de qualquer medo.

É o carinho, o toque.

O toque que me desperta.
O toque que me aconchega, me faz adormecer.
Seu toque aveludado, tranquilo, seguro.
Me enche a alma, me arrepia os pêlos do corpo.
Me faz sorrir.

Je veux plus sourires.
Toujours.

a volta;

Eram longos corredores brancos. Não diferenciava com facilidade o que era parede e o que era porta, era tanta claridade que me fazia apertar os olhos. Fechei-os. Segurei nas mãos do moço que me acompanhava e fui, imaginando tudo que estava ao redor - com um certo tom de deboche, confesso - até que chegamos.

Sentei na cama, afofei os travesseiros e me encostei. Procurei pelo controle da televisão nas gavetas, nada. Apertei aquele botão que ficava pendurado do meu lado, nada. Pensei em gritar, desisti. A luta começou ali. Eu e ela, cara a cara de novo.

Agora era ela quem debochava, segurava o riso e me olhava nos olhos. Me lembrava daquele olhar de outros carnavais. Me intimidava, me fazia titubear antes de falar. Mas engoli a seco e disse. Disse a ela tudo que tinha acontecido até ali, tirei todas as palavras que estavam nos bolsos da calça, dentro do casaco, palavras amassadas, palavras que havia guardado por muito tempo. Ousei levantar para pegar a bolsa, mas ela segurou meus braços, me impedindo. Não sei ao certo quanto tempo ficamos naquela posição.

Ela me segurando. Eu me apoiando nela.

A única coisa que consigo recordar é o som da chuva lá fora, caindo forte sobre o teto dos carros e fazendo um barulho que assustava, mas não a mim, não mais.

Fomos interrompidas pelo telefone. Atendi e resolvi o assunto para poder logo voltar ao momento em que paramos, mas quando dei por mim estava só de novo. Respirei fundo, sentei na cama. O controle estava debaixo do travesseiro, liguei a televisão.

Reparei numa fresta de luz amarela que entrava pelos vãos da cortina da janela.
Era o sol.
Finalmente ele tinha voltado.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

sobre o inexplicável;

Aquelas palavras já não servem mais. Aquele discurso ficou antigo, empoeirado.

Repousar a cabeça no travesseiro não causa a mesma sensação de conforto se o travesseiro ao lado não está preenchido. A cama fica grande, sobra espaço entre os móveis, a casa fica vazia. Sonhar este sonho sozinha não tem graça. As fantasias se somam, os planos se somam...

Da janela consigo ver o sol, e hoje, ele me aquece como jamais havia aquecido antes.
Acalma, acolhe, aconchega.

Preciso de um dicionário novo, outro idioma.
Aquelas velhas palavras já não servem mais...
É mais que amor.