sábado, 22 de agosto de 2009

a rosa branca;

Sim, é exatamente assim. Assim como a natureza anuncia a primavera, a primavera começa em mim e ao meu redor. As minhas flores começam a nascer, e as flores das árvores vizinhas já estão cheias de vida. Não escreverei cartas dessa vez, não dessa vez.

Se não consegue enxergar além do que se vê, não conseguirá pegar as mensagens nas entrelinhas, nunca.

Ontem eu estava ali, ali naquela janela do seu quarto que dá de frente para as árvores. Eu não queria minhas coisas de volta, eu queria ficar ali. Isso me pertence também. Cada pétala daquela flor é minha, faz parte de minhas lembranças, de mim.

Primeiro aquela das flores amarelas ali. Consegue ver? Ali na última árvore.
Isso! Essas foram as primeiras. Eu lembro de me sentar na sua sombra e fazer um piquenique. Estendemos a toalha, comemos o bolo e tomamos suco de laranja. Claro, eu não poderia me esquecer do violão... Acho que foi a primeira vez que você cantou pra mim.

O nosso primeiro beijo aconteceu na segunda árvore, aquela lá! Aquelas flores alaranjadas são lindas, não são? Você me deu uma delas uma vez, se lembra? Tão simples, tão bonito. A vida era encantada, era magia dia e noite, e flor no vaso todos os dias.

Onde tudo deu errado então?
Consigo ver a última briga acontecendo ali no portão.
"Vá embora!" - você disse - "Não volte mais!".
E eu fui.

Daqui de cima eu consigo ver tudo...
Não vou mais escrever cartas!

E aquela outra roseira lá? É nova...
Tudo será novo de novo.

domingo, 9 de agosto de 2009

play;

A grande verdade é que a vida não nos dá o tempo necessário para encontrar as respostas de todas as nossas perguntas. Ela simplesmente passa, e não, não adianta nada ficarmos parados esperando que as respostas escorreguem entre as gotas da chuva.
A gente erra e jura que nunca mais vai cometer o mesmo erro... Até que erramos de novo, e fazemos a mesma promessa. Mas creio que o maior medo de todos é o medo de que os tropeços, as decepções, as decisões mal tomadas se repitam. E é por medo, só por medo, que muitas vezes deixamos a vida passar, assistindo-a de braços cruzados. Talvez também seja por medo que inúmeras vezes deixamos grandes oportunidades passarem por nossos olhos.
Quem sabe tudo fosse mais fácil se pudessemos analisar a vida como em um filme, com funções play, pause, repeat, pra frente, pra trás, etc... E uma grande edição, com trilha sonora e efeitos especiais.


Multiplicar os momentos felizes, deletar os tristes, avançar aqueles de medo, voltar aqueles mal resolvidos, reorganizar tudo para que caminhe para um final feliz.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

depois de amanhã;

Depois de nove voltas pela casa, depois de dois cigarros começados e não-terminados no cinzeiro, depois de duas mil canecas de café, depois de todo esse silêncio que permaneceu na casa durante o dia.. E aí?

Pensamentos otimistas passam por sua cabeça. Dias ensolarados, amigos, união e muito carinho. Talvez uma carta de alguém que está distante, talvez uma rosa vermelha de algum amante. Quem sabe um bom livro encontrado naquela prateleira perdida da livraria, ou até mesmo uma saborosa tortinha de morango. O que virá?

A escuridão, talvez. Chuva. Solidão. Será que o telefone irá tocar nos próximos dias? É claro que ela não vai retornar a ligação. Talvez não encontre mais inspiração para escrever, ou nem tenha mais vontade de sair para passear com o cachorro. Preguiça e pijama por longos dias no sofá, mudando de canal automaticamente.

O amanhã será uma eterna surpresa, não existem previsões.
E depois de amanhã?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

escondido.


Então se tudo aquilo que eu ouvi você dizendo não era verdade, onde a verdade se escondeu? Sim, me irrito em ouvir você dizendo que não quer se machucar, já que você sabe bem (e eu sei que você se lembrará disso todos os dias) que assim vai doer muito mais.

Se eu não tivesse te pedido para ir embora, você teria ficado? Às vezes eu acho que você não saberia a hora certa de ter dito tchau. Você se estenderia, ficaria pelos cantos até o último minuto. Me olharia com aquele olhar - seu olhar - e esperaria por um de meus sorrisos tímidos, mas eu não sorriria. Talvez eu te abraçasse ou simplesmente deixasse que meu silêncio falasse por mim.

Foi tudo uma brincadeira. O faz de conta teria que chegar ao fim. Cedo ou tarde nós tínhamos que entender que a vida era mais que aquilo. Dia após dia eu acreditei, e sei que você também, em todo aquele amor. Tudo tinha que acabar, só não quero mais acreditar na brincadeira.

Era verdade. E você sabia.
Mas não é mais, agora seria tudo preto e branco. Sem aquelas flores que você deixou em cima da mesa ou até mesmo sem a nossa foto em cima da estante da sala.

É isso, meu querido. Chegou a hora de eu devolver suas chaves.
Vou deixá-las na portaria às 19h.

Seu coração não me pertence mais.
Meu coração não te pertence mais.

Então se tudo acabou assim, onde o amor se escondeu?