terça-feira, 15 de dezembro de 2009

a nuvem;

Deitada ali no gramado do parque, ela observava os prédios no horizonte distante. Eram diferentes, formavam, de alguma maneira, aquela paisagem estonteante. Mais atrás estavam as nuvens, passeando entre eles, pequenas médias grandes, com formatos familiares e completamente abstratos, mas ali vagando pelo céu azul daquela terça-feira.

Eram tantas, não era fácil enxergar exatamente o começo de uma e o fim da outra, algo semelhante a vida, algo que a fazia lembrar de algumas histórias. De repente, fixou seu olhar em uma: "aquela maior a esquerda!" - apontava para o céu e dizia sorrindo, como se houvesse alguém ali ao lado.

Se ajeitou, sentou e procurou uma música especial para ouvir no mp3. Ficou paralisada, observando a tal nuvem caminhar pelos ares, então pegou um caderno e uma caneta, arrancou uma folha em branco e começou a desenhar... Desenhar ali naquela nuvem uma nova história.

sábado, 5 de dezembro de 2009

meus olhos;

minha eterna reticência.

e como já dizia Caio Fernando Abreu:
neles
cabem todas as chuvas estrelas luas que vejo todos os dias todas as noites.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

o (segundo) roubo;

aconteceu de novo. e por que de novo comigo? a vida sempre me faz acreditar em flores, mas elas morrem. e quando finalmente aceito a perda, nascem outras ainda mais belas no parapeito da janela da sala.

dessa vez me roubaram algo ainda mais importante. inspiração está de volta, por todos os cantos da alma. os olhos brilham todos os dias, os sorrisos são feitos para registrar, mas ainda falta.
a falta constante, a procura incessante, o longo caminho.

nessas horas penso no mar. será que se eu sentisse de novo aquele vento batendo em meus cabelos tudo voltaria ao normal? sentada ali na areia esperando o tempo passar..
normal nunca foi a resposta certa, é, eu e esse meu jeito geminiana de ser.

sim, alguém passou aqui e me roubou. foi um furto, tão bem feito quanto o primeiro.
quem foi que fez isso comigo?

quem é você? vai, três bons motivos!
não, não me diz que foi sem querer.
é como um papel em branco, me deixe colorir!

deixarei o mesmo recado: devolva-me!

pois me sobra inspiração e não encontro mais as palavras.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

por aí;

"Me vinha a sensação de que o mundo era enorme, cheio de coisas desconhecidas. Boas nem más. Coisas soltas." (C.F.)

Está tudo assim então.
Tudo pelos ares, longe do alcance das mãos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

quem sabe;

talvez ela estivesse cansada, talvez o amor fosse só um sonho. talvez o dia tivesse que nascer azul e adormecer cinza. talvez suas atitudes não tenham sido corretas. talvez aquela música a faça sorrir e na próxima ela simplesmente abaixe o volume.

talvez existam só hipóteses.

hipóteses não curam, não secam lágrimas, não saem da teoria.
talvez estivesse escrito desse jeito, e mesmo se não estivesse alguém escreveria assim.
talvez sua falta de ar fosse psicológica, talvez ela até soubesse qual era o problema, mas talvez fosse melhor não pensar. talvez o vício fosse só distração e a saudade apertasse de novo.
talvez devesse ser o fim, ou talvez até devesse nem ter existido o começo.

talvez ela só quisesse um pedacinho de eternidade.
e talvez nem tudo acima faça sentido.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

everything changes all the time;

Ela abriu os olhos e continuou ali. Pensando, lembrando, planejando. Toda manhã era a mesma coisa. Mais um dia, mais uma dúvida, mais uma solução. Sua vida andava em círculos e ela corria para andar de patins e dar estrelas no parque. Cada manhã uma mania nova, um novo livro preferido.

Continuava ali com os olhos abertos, procurando uma formiga no teto para tirá-la do tédio. Vira para um lado, vira para o outro. Barriga para baixo, barriga para cima. Mais um minuto e outro pensamento intrigante, uma nova música predileta.

De olhos fechados enxergou o mesmo. Abriu os olhos devagar, bem lentamente, com medo do que podia ver ali. Sentou-se. Estralou cada um dos dedos das duas mãos. Ficou ali por alguns minutos batendo os pés no chão, no ritmo da música. Olhou para o relógio: era a hora!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

eles vão voltar;

Você vê o que eu vejo?
Você sente o que eu sinto?

Olhe, amor, veja as nuvens ali perto do sol..
Você consegue enxergar nossos sonhos atrás delas?
Eles estão ali, partindo, indo embora. Acene!

Não, não se preocupe.
Não faça essa cara.
Eles voltam um dia, você sabe que o tempo sabe o que faz, não é?
Foi você que me fez acreditar.
Eles voltarão..

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

o mundo na minha mochila;

Me vejo em outros rostos, outras pessoas, outras vidas.. Outras trilhas, outros caminhos. Me vejo em pessoas ao redor, pessoas que passam pelas calçadas movimentadas da minha rua. Me vejo em pessoas conhecidas, amigos, familiares, cachorro e peixe no aquário. Me vejo na televisão, nos comerciais, no noticiário das oito.

Sim, ainda assim estou sozinha.

Trago comigo lembranças e sonhos, paz e amor, calmaria e raiva, tristeza e felicidade, dias e anos, fatos históricos ou apenas memoráveis, flores e flertes, acasos e destinos que se traçaram, saudade e ansiedade pelo que está por vir, esperança.

Trago o mundo na minha mochila.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

random;


1 - abra a "wikipedia." clique em “random... read more”. o primeiro artigo ao acaso que você achar é o nome de sua banda.
2 - vá em "random quotations". as últimas quatro ou cinco palavras da última citação da página é o título do seu primeiro álbum.
3 - abra o flickr e clique em “explore the last seven days”. a terceira foto, não importa o que seja, é a capa do seu álbum.
4 - ponha tudo junto no photoshop e faça a capa do disco.
5 - mande para seus amigos otários que você sabe que vão perder tempo fazendo isso também.

(sim, sou nerd!)

domingo, 4 de outubro de 2009

carta ao tempo;

Depois daquele encontro fiquei desnorteada, não tive como enganar. Não queria ter saído correndo, mas você me deixou sem outra alternativa. Não aconteceram muitas vezes, poucos realmente conseguiram me deixar sem palavras para responder, e você o fez. Como?

Eu estava mexendo na minha bolsa depois que cheguei em casa. Entre a bolsinha de maquiagem e o maço de cigarro encontrei um pedaço de papel. Que pedaço de papel é esse? Achei que tivesse caído da agenda, eu te juro, eu nunca achei que você fosse capaz. Era sua letra ali, eu ainda sei reconhecê-la. Você escreveu bem grande e em cor vemelha, para que eu não tivesse como não entender.

Estava escrito ali, naquele pedaço de papel, aquela pergunta que surgiu do nada e que ainda me tira noites e noites de sono, sim, só atrás de uma resposta.

"Você se arrepende?"

Arrependimento, s. m. Pesar do que se fez ou do que se pensou; sentimento de dor; contrição; mudança de opinião.

Assim que li, pensei: por que eu me arrependeria? Você se arrependeu? É, mais uma pergunta sem resposta. Essa palavra é pesada demais para uma vida leve que nem a minha, you know. Mas não te diria um não, assim, de cara. Eu sempre fui sincera, sempre lhe disse o que vinha a mente, o que podia não passar de apenas uma ideia. Por isso demorei para responder.

Em todos esses dias que tirei para refletir sobre teu bilhete em minha bolsa, cheguei a várias conclusões. Todos se arrependem, não é? Que atire a primeira pedra quem nunca se questionou sobre algo feito ao olhar para trás. E quando eu olhei para trás consegui ver muitas coisas erradas. Mas eu teria, exatamente, que me arrepender do que fiz de errado? Acho que não. Ou sim? Que seja.

Tenho certeza que você também não saberia me responder esta pergunta. Foram tantas coisas, foram anos de conquistas, vitórias, e perdas também. Anos aprendendo a conviver com você dia a dia, nos momentos mais difíceis, mas passando por cima de orgulho, por cima de qualquer tentativa de me convencer que era melhor eu te deixar pra lá. Eu não deixei.

Se eu olhasse mais a fundo nos erros que cometi, poderia até encontrar algum pingo de arrependimento, mas o erro trouxe o conselho, o compreendimento, então não teria mais nexo eu me arrepender de tê-lo cometido.

Ai, olha. Talvez eu sinta sim algum arrependimento. Afinal, eu posso não ter te deixado, mas te deixei partir e levar minha paz com você. E se hoje eu me questiono se foi o melhor, é só porque eu sei que talvez tenha sido a pior opção escolhida. É, acredite se quiser, mas eu continuo com essa mania de auto-análise.

Arrependida ou não, eu só estou te respondendo pelo seguinte motivo: você me deixou sem respostas, mais uma vez.

E até quando será assim?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

a magia;

As vezes é quase triste, porém inevitável, crescer. Ser criança é ter a eterna inocência e ver a magia nas coisas mais simples da vida. Ser jovem tem sido me adaptar ao turbilhão de informações e obrigações novas que não param de chegar aos montes.

Crescer é perder parte do tempo de ser livre.
É mais obrigação e menos prazer.
E não, isso não é tão legal assim.

Quando observo as crianças ao redor, noto um amadurecimento precoce em seus pequenos olhos. A inocência pula pela janela da alma e vai embora sem nem ao menos dizer adeus. Hoje, muito mais cedo que antes, as crianças desacreditam do mundo, se frustram. O querido Papai Noel tem morrido mais cedo, Fada do Dente e Coelhinho da Páscoa então... Estão caminhando para a extinção.

Admirar coisas simples - apenas por existirem - devia ser um exercício obrigatório para toda humanidade. Não existe nada mais confortante do que sentar ao fim de uma tarde cheia de tarefas e observar o céu, achar desenhos em nuvens.



Sempre encontrarei magia atrás das nuvens.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

daquilo que eu chamo de amor;

É, talvez ninguém saiba o que exatamente aconteceu ali. Se foi só loucura ou o que foi... Nem eu sei explicar! Talvez tenha sido uma diversão, um compromisso descompromissado. Mas dizem por aí que você sentia o coração acelerar.

Eu, que não gosto de tirar conclusões precipitadas, acredito que não. O acaso me fez perceber algumas vezes certa euforia, mas não ouso dizer que podia ser mais do que qualquer coisa típica do momento. É bom estar ao lado de quem se gosta, mas gostar é relativo. Muitas pessoas confundem isso, tantas que eu já perdi as contas. Não era amor, eu tenho certeza que não era.

Você, que sempre me disse para deixar a onda levar, que sempre reclamou da minha mania de planejar as coisas, que sempre me contou histórias para me convencer de que podia ser... Mas não, nunca me convenceu. E talvez você só gostasse disso, dessa eterna negação. Se você dizia azul, eu preferia rosa. Foi assim, mesmo com todos os problemas do universo, foi leve. Foi pra sempre. Enquanto você estava aqui foi eternidade. Mas não, ainda assim não era amor.

Nós, que parecíamos iguais, com o tempo fomos percebendo as inúmeras diferenças. E sabe, hoje eu percebo que as diferenças são o que me leva a dizer: não era amor, era melhor que isso.

Daquilo que eu chamo de amor, ah...
Disso sim eu tenho saudade!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

o mar;

Logo eu que costumava ter medo da imensidão do oceano, que tremia ao imaginar as grandes embarcações se aproximando, logo eu.. Estou aqui a começar minha viagem sobre as águas desse mar gigante.
Minhas pernas ainda tremem, meu coração está deveras acelerado, mas coragem não me falta mais. Mamãe me ensinou que só se vence um grande monstro encarando-o, e hoje estou aqui para isso!
Minha bagagem pesa menos do que imaginava, trago comigo algumas vivências.. Muitos momentos bons, alguns difíceis, mas sem dúvidas: muitos, muitos sonhos.
Será difícil viver sem algumas pessoas, mas com o passar do tempo aprendi que amigo que é amigo, a gente leva no coração.. Não há distância suficiente, não há tempo que separe.. E os meus amigos, ah.. Estes já estão bem guardados aqui! Não direi que cultivo carinho e confiança por poucas pessoas, sempre fui de muitos amigos, sempre me doei bastante. Mas me dêem licença: partirei só!
Daqui em diante a única pessoa que poderá me ajudar sou eu. O que procurava já encontrei, e não foi em você, e nem em você, muito menos naquele lá.. Encontrei tudo dentro do meu coração, dentro da alma, dentro do meu travesseiro.
A vida não se constrói sozinha e nem de uma hora para outra, não seria possível. E estou aqui montando degrau por degrau desta escada que me levará ao céu, as nuvens, aos sonhos. A construção será demorada, longa e muitas vezes complicada.. Mas com persistência e acreditando chegarei lá!
Vou jogar a âncora em terra firme, onde não existam chances de desabamento, recomeçar, crescer. Evoluir!

Um abraço pra quem fica e um "boa sorte".
Mandarei notícias!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

sobre gotas d'água;

Certo dia ela estava olhando pro céu, pra lua, pras nuvens, procurando aquelas estrelinhas que ficam escondidas entre as nuvens no final da tarde. O céu estava cinzento, escurecia cada minuto mais, raios e trovões e a luz do bairro que já tinha ido embora.
Então, água! Eram tantas gotas, tantas..
Elas iam se acumulando e inundando lugarzinhos pelo pátio do prédio, iam molhando o mendigo que dormia ali no dobrar da esquina, iam molhando a senhora que voltava do supermercado, ia molhando a pré-adolescente que voltava calmamente a pé do colégio, ia molhando a mãe que levava um bebê pra passear, ia molhando os carros, os ônibus, os caminhões, as calçadas, as ruas, a cidade.
Tantas nuvens carregadas de milhares de gotinhas que aos poucos iam molhando suas mãos que agora estavam estendidas pela janela, gotas geladas, refrescantes, vivas.
Abriu a porta, desceu as escadas e levantou as mãos para o céu..


A chuva limpou, acalmou a alma.
E esquentou o coração.

sábado, 22 de agosto de 2009

a rosa branca;

Sim, é exatamente assim. Assim como a natureza anuncia a primavera, a primavera começa em mim e ao meu redor. As minhas flores começam a nascer, e as flores das árvores vizinhas já estão cheias de vida. Não escreverei cartas dessa vez, não dessa vez.

Se não consegue enxergar além do que se vê, não conseguirá pegar as mensagens nas entrelinhas, nunca.

Ontem eu estava ali, ali naquela janela do seu quarto que dá de frente para as árvores. Eu não queria minhas coisas de volta, eu queria ficar ali. Isso me pertence também. Cada pétala daquela flor é minha, faz parte de minhas lembranças, de mim.

Primeiro aquela das flores amarelas ali. Consegue ver? Ali na última árvore.
Isso! Essas foram as primeiras. Eu lembro de me sentar na sua sombra e fazer um piquenique. Estendemos a toalha, comemos o bolo e tomamos suco de laranja. Claro, eu não poderia me esquecer do violão... Acho que foi a primeira vez que você cantou pra mim.

O nosso primeiro beijo aconteceu na segunda árvore, aquela lá! Aquelas flores alaranjadas são lindas, não são? Você me deu uma delas uma vez, se lembra? Tão simples, tão bonito. A vida era encantada, era magia dia e noite, e flor no vaso todos os dias.

Onde tudo deu errado então?
Consigo ver a última briga acontecendo ali no portão.
"Vá embora!" - você disse - "Não volte mais!".
E eu fui.

Daqui de cima eu consigo ver tudo...
Não vou mais escrever cartas!

E aquela outra roseira lá? É nova...
Tudo será novo de novo.

domingo, 9 de agosto de 2009

play;

A grande verdade é que a vida não nos dá o tempo necessário para encontrar as respostas de todas as nossas perguntas. Ela simplesmente passa, e não, não adianta nada ficarmos parados esperando que as respostas escorreguem entre as gotas da chuva.
A gente erra e jura que nunca mais vai cometer o mesmo erro... Até que erramos de novo, e fazemos a mesma promessa. Mas creio que o maior medo de todos é o medo de que os tropeços, as decepções, as decisões mal tomadas se repitam. E é por medo, só por medo, que muitas vezes deixamos a vida passar, assistindo-a de braços cruzados. Talvez também seja por medo que inúmeras vezes deixamos grandes oportunidades passarem por nossos olhos.
Quem sabe tudo fosse mais fácil se pudessemos analisar a vida como em um filme, com funções play, pause, repeat, pra frente, pra trás, etc... E uma grande edição, com trilha sonora e efeitos especiais.


Multiplicar os momentos felizes, deletar os tristes, avançar aqueles de medo, voltar aqueles mal resolvidos, reorganizar tudo para que caminhe para um final feliz.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

depois de amanhã;

Depois de nove voltas pela casa, depois de dois cigarros começados e não-terminados no cinzeiro, depois de duas mil canecas de café, depois de todo esse silêncio que permaneceu na casa durante o dia.. E aí?

Pensamentos otimistas passam por sua cabeça. Dias ensolarados, amigos, união e muito carinho. Talvez uma carta de alguém que está distante, talvez uma rosa vermelha de algum amante. Quem sabe um bom livro encontrado naquela prateleira perdida da livraria, ou até mesmo uma saborosa tortinha de morango. O que virá?

A escuridão, talvez. Chuva. Solidão. Será que o telefone irá tocar nos próximos dias? É claro que ela não vai retornar a ligação. Talvez não encontre mais inspiração para escrever, ou nem tenha mais vontade de sair para passear com o cachorro. Preguiça e pijama por longos dias no sofá, mudando de canal automaticamente.

O amanhã será uma eterna surpresa, não existem previsões.
E depois de amanhã?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

escondido.


Então se tudo aquilo que eu ouvi você dizendo não era verdade, onde a verdade se escondeu? Sim, me irrito em ouvir você dizendo que não quer se machucar, já que você sabe bem (e eu sei que você se lembrará disso todos os dias) que assim vai doer muito mais.

Se eu não tivesse te pedido para ir embora, você teria ficado? Às vezes eu acho que você não saberia a hora certa de ter dito tchau. Você se estenderia, ficaria pelos cantos até o último minuto. Me olharia com aquele olhar - seu olhar - e esperaria por um de meus sorrisos tímidos, mas eu não sorriria. Talvez eu te abraçasse ou simplesmente deixasse que meu silêncio falasse por mim.

Foi tudo uma brincadeira. O faz de conta teria que chegar ao fim. Cedo ou tarde nós tínhamos que entender que a vida era mais que aquilo. Dia após dia eu acreditei, e sei que você também, em todo aquele amor. Tudo tinha que acabar, só não quero mais acreditar na brincadeira.

Era verdade. E você sabia.
Mas não é mais, agora seria tudo preto e branco. Sem aquelas flores que você deixou em cima da mesa ou até mesmo sem a nossa foto em cima da estante da sala.

É isso, meu querido. Chegou a hora de eu devolver suas chaves.
Vou deixá-las na portaria às 19h.

Seu coração não me pertence mais.
Meu coração não te pertence mais.

Então se tudo acabou assim, onde o amor se escondeu?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

tudojuntomisturado;


É, é isso.

Ultimamente as coisas andam bem como este título não-criativo de hoje. As pessoas que caminham nas ruas parecem as mesmas, as sensações passam sem nem se quer eu perceber que estiveram ali. O passado e o presente se chocam e eu ainda não descobri quem conseguiu se manter firme, em pé. O dia e a noite são meio que a mesma coisa, tempo, horas, minutos e muitas coisas para fazer e pensar. Muitas noites para simplesmente dar risada em boa companhia, seja no computador ou sentada num colchão na sala vendo um filme.

Percebe-se então que, de fato, muitas bases mudaram.
E amanhã agradecerei aos céus por isso.

A árvore está ali na praça, forte que nem sempre. Ainda guarda todas aquelas minhas lembranças boas, guarda com carinho e um certo saudosismo. Os pássaros estão cada dia mais livres, voando cada um para seu determinado rumo. Comprei até um televisor a cores, decidi que preto & branco é uma combinação que cansa - a vida agora é mais colorida. O pouco que havia sobrado ali, foi comido. E alguém por de trás da vidraça que me contou, simples assim: aconteceu de novo! O relógio se tornou meu melhor amigo, agora eu entendo que tempo só se dá a quem merece.

E é assim que a vida continua caminhando.
Estou de volta...
Eu e tudojuntomisturado.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

a árvore;

Em uma caminhada dessas pela praça resolvi me sentar ali, ao lado daquela minha árvore, daquela que eu plantei sem expectativas de que realmente um dia fosse crescer, florescer e criar raízes fortes, quase impossíveis de se soltar do solo.
Ela estava grande e cheia de flores, fiquei ali por muito tempo lembrando de todo o seu crescimento. Lembrei de quando ela era pequenina, quando eu achava quase loucura plantá-la ali, quando não sabia direito se era vontade ou dever regá-la todos os dias ao final da tarde. Ou quando, depois de um tempo, ela começou a crescer e eu conseguia sentir vida quando nela encostava para ler um livro, quando me acolhia, me protegia da chuva, me fazia acreditar que as coisas podiam realmente durar e dar certo, afinal, ela era a prova disso tudo, ela era toda amor... Das raízes ao topo.

Meses depois, entre um trabalho e outro, um copo e outro de cerveja, decidi visitá-la. Fazia tempo que eu não sentava ali ao seu lado, naquele lugar que era tão meu quanto minha alma.
E foi nessa visita que notei: a árvore não era a mesma.
Não conseguia entender o porque de tudo isso, porque tão de repente ela estava ali com as folhas secas, fraca, sem cor e vida. Não tive como conter as lágrimas e o desespero de não saber o que fazer para ajudá-la, queria de todas as formas que a vida aparecesse ali novamente, queria novas tardes ensolaras e novos livros para dividir. Mas não adiantou, abracei-a e fiquei lá por alguns minutos... As pessoas que passavam ao redor da praça me olhavam estranho, deviam pensar que eu era louca de insistir, de sentir tanto carinho, tanto amor.

Ontem voltei lá e sabia que não encontraria minha árvore contente. O outono chegou e ela estava quase sem folhas, quase que caindo para o lado, sem vontade de viver.
E tinha um senhor, nunca vou esquecer daquele maldito senhor, que estava com uma serra e mais uma equipe de homens sem amor a natureza das coisas, amarrando a árvore. Sim, iam cortá-la! - mas senhor, a eutanásia é proibida - eu só queria que ela morresse naturalmente, eu sabia que ela não estava sofrendo, ela vivia de lembranças, lembranças boas dos nosso tempos juntas, do companheirismo e do afeto que de fato nos fez pessoas melhores.
Fiquei observando de longe, estática, sem conseguir me mover. O vento batia e as folhas nem se mexiam mais, era seu último minuto, e eu não achava forças, não achava estímulos que me fizessem sair correndo para impedir que tudo acontecesse.
Ela já estava amarrada e os homens puxavam a corda para facilitar o trabalho do serrador, e nada. Não conseguia entender como ela estava surportando aquela dor sem cair, mas é, ela tinha esperança.
Duas horas depois e nada havia mudado. Minha querida árvore estava ali de pé ainda e o senhor sem paciência alguma para continuar o trabalho recolheu sua equipe e foi embora. Não esperei nem eles virarem a esquina e saí correndo, encostei nela com todo cuidado do mundo, mas senti: ela estava ali comigo.

Hoje, pensando na minha querida plantinha que se tornou essa enorme árvore forte descobri que certas coisas não morrem simplesmente, e que, sim...

Ela vai morar no meu peito por muito, muito tempo ainda.

terça-feira, 26 de maio de 2009

os pássaros;

O relógio apontava 3 a.m. quando ela abriu a porta, estava com pressa como sempre. Foi tirando a roupa e colocou o pijama, sentou-se em frente ao computador e ficou ali. Olhou em volta e respirou fundo, acendeu um cigarro e começou a digitar. Impossível definir a velocidade de seus dedos tocando freneticamente o teclado, mas era muito rápido, como alguém que precisava mesmo colocar para fora. Parou.

O relógio apontava 3:15 a.m. quando ele pegou o elevador, estava cansado como sempre. Abriu a porta do apartamento e foi direto para o banho. Ainda de toalha andou em direção a cozinha, pegou qualquer coisa ali na geladeira e sentou em frente ao computador. Demorou alguns minutos para tomar coragem e ler o e-mail recém chegado, buscou uma caneca de café, e abriu. A mensagem era longa e seus olhos corriam pelas letras, pelas palavras.. Como um poeta faminto por poesia. Pensou.

Ouviu o apito do despertador ao lado da cama, virou-se e viu: 4 a.m. e nenhuma resposta. Desligou a tela do computador e sentou na cama, cruzou as pernas e meditou por bons minutos. Abriu os olhos, deitou e se cobriu. Dormiu.

Ouviu o som de um passarinho e foi até a janela, ao abri-la, percebeu: o dia havia amanhecido, 6 a.m. e nenhuma palavra boa o bastante. Era hora de voltar ao trabalho e foi exatamente isso que fez, trocou de roupa e comeu o pão amanhecido que estava em cima do balcão da cozinha. Saiu.

O sol entrou pela janela e clareou o quarto, fazendo com que ela despertasse. Acordou sorrindo, havia sonhado com um passarinho. Olhou para o relógio, 9 a.m., era hora de ir.

Ele se atrasou e perdeu o ônibus.
Ela perdeu o ônibus e resolveu ir a pé.

Se encontraram ao dobrar a esquina.

Ela ouvindo Amy para acordar e ele ouvindo Yann Tiersen para relaxar.
Passaram reto, sem sorrisos e nem olhares.
Mais três passos à frente e o destino mudou...

Ela olhou para trás às 10:25 a.m.
Ele se virou para admirá-la caminhando às 10:27 a.m.

Então eram pássaros livres, de novo.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

em branco;

fazia tempo que não me batiam momentos que nem estes, certa falta - ou excesso - de inspiração para contar novas histórias. as vezes a paz de espírito faz isso conosco, nos deixa em branco.

ora, leitor, não vá pensar que estaria eu aqui, sem emoções ou sentimentos, pois não seria digno de vossa pessoa achar isso de uma eterna sonhadora. a verdade é que, creio eu, nos últimos dias meu olhar esteve atento para coisas novas, e como são belas.. coisas simples, sem peso, coisas apenas coisas.

mas preciso ressaltar que também tenho reparado em coisas que antes, não sei porque, simplesmente haviam perdido a luz. consigo de novo acreditar, sentir, vê-las com certeza de que nunca foram coisas dispensáveis.

o que é dispensável e indispensável afinal?
eu sei.


e depois de todas essas percepções, posso dizer com certeza, e um sorriso: voltei a brilhar.

domingo, 26 de abril de 2009

do pouco que sobrou.

Do pouco que sobrou ainda me resta muito, muito tempo pra construir coisas novas e então mudar a frase. Rimas baratas e uma vontade sem igual de entender todo esse pouco caso que o mundo faz. Sobra pouco porque muito a gente dá. Dá pra alguém que usa um dia e joga fora, pra um que ri da nossa cara e para outro que não sabe o que fazer com aquilo.

Mas o que a gente dá afinal?

Dá carinho, dá colo, dá conselhos, dá abraços, dá beijos, dá cartas, dá amor. E isso para que no final alguém levante e vá embora. Vai embora sem nos dar um beijo na testa ou deixar um recado pendurado na geladeira.
Por isso deixo claro, desse pouco que sobrou, não dou pra mais ninguém. Tá bom, eu dou pra você que me acompanhou por essa vida toda, dou pr'aqueles que me fazem sorrir de verdade. Mas nada de dar pra pessoas vazias, dar à toa. É pouco. E preciso desse pouco pra continuar e alcançar o muito de novo.
São poucos dias em que você sorri verdadeiramente, são poucas as tardes recheadas de gargalhadas e besteirinhas gostosas de se lembrar, são poucos os filmes que você assiste e sai sorrindo do cinema, são poucas as músicas que fazem aquele remorso passar, são poucas palavras para descrever algumas sensações.

Do pouco eu entendo.
Mas ainda tem muito, muito o que contar.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

por trás da vidraça.

"Cá entre nós: fui eu quem sonhou que você sonhou comigo?
Ou teria sido o contrário?
Sonhei que você sonhava comigo. Mais tarde, talvez eu até ficasse confuso, sem saber ao certo se fui eu mesmo quem sonhou que você sonhava comigo, ou ao contrário, foi quem sabe você quem sonhou que eu sonhava com você. Não sei o que seria mais provável. Você sabe, nessa história de sonhos — falo o óbvio —, nunca há muita lógica nem coerência. Além disso, ainda que um de nós dois ou os dois tivéssemos realmente sonhado que um sonhava com o outro, também é pouco provável que falássemos sobre isso. Ou não? Sei que o que sei é que, sem nenhuma dúvida:
Sonhei que você sonhava comigo. Certo? Não, talvez não esteja nada certo. Também não era isso o que eu queria ou planejava dizer. Pelo menos, não desse jeito embaçado como uma vidraça durante a chuva. Por favor, apanhe aquele pequeno pedaço de feltro que fica sempre ali, ao lado dos discos. Agora limpe devagar a vidraça — quero dizer, o texto. Vá passando esse pedaço de feltro sobre o vidro, até ficar mais claro o que há por trás. Lago, edifício, montanha, outdoor, qualquer coisa. Certamente molhada, porque só quando chove as vidraças embaçam. Será? Não tenho certeza, mas o que quero dizer, disso estou certo, começa assim:
Sonhei que você sonhava comigo. Agora penso que é também provável que — se realmente fui mesmo eu a sonhar que você sonhou comigo; e não o contrário — eu não estivesse sonhando. Nada de sono, cama, olhos fechados. É possível que eu estivesse de olhos abertos no meio da rua, não na cama; durante o dia, não à noite — quando aconteceu isso que chamo de sonho. Embora saiba que — se foi dessa forma assim, digamos, consciente — então não seria correto chamá-la de sonho, essa imagem que aconteceu —, mas de imaginação ou invento até mesmo delírio, quem sabe alucinação. Mas não, não é isso o que quero contar o que quero contar, sei muito bem e sem nenhuma hesitação, começa assim:
Sonhei que você sonhava comigo. Parece simples, mas me deixa inquieto. Cá entre nós, é um tanto atrevido supor a mim mesmo capaz de atravessar — mentalmente, dormindo ou acordado — todo esse espaço que nos separa e, de alguma forma que não compreendo, penetrar nessa região onde acontecem os seus sonhos para criar alguma situação onde, no fundo da sua mente, eu passasse a ter alguma espécie de existência. Não, não me atrevo. Então fico ainda mais confuso, porque também não sei se tudo isso não teria sido nem sonho, nem imaginação ou delírio, mas outra viagem chamada desejo. Verdade eu queria muito. Estou piorando as coisas, preciso ser mais claro. Começando de novo, quem sabe, começando agora:
Sonhei que você sonhava comigo. Depois que sonhei que você sonhava comigo, continuei sonhando que você acordava desse sonho de sonhar comigo — e era um sonho bonito, aquele —, está entendendo? Você acordava, eu não. Eu continuava sonhando, mas na continuação do meu sonho você tinha deixado de sonhar comigo. Você estava acordado, tentando adequar a imagem minha do sonho que você tinha acabado de sonhar à outra ou à soma de várias outras, que não sei se posso chamar de real, porque não foram sonhadas. Mas, se foi o contrário, então era eu, e não você, quem tentava essa adequação — nessa continuação de sonho em que ou eu ou você ou nós dois sonhamos um com o outro. Nos víamos? Quase consegui, agora. Preciso simplificar ainda mais, para começar de novo aqui:
Sonhei que você sonhava comigo. Depois, fiquei aflito. E quase certo de que isso não tinha acontecido. O que aconteceu, sim, é que foi você quem sonhou que eu sonhava com você. Mas não posso garantir nada. Sei que estou parado aqui, agora, pensando todas essas coisas. Como se estivesse — eu, não você — acordando um pouco assustado do bonito que foi ter tido aquele sonho em que você sonhava comigo. Tão breve. Mas tudo é muito longo, eu sei. Estou ficando cansativo? Cansado, também. Está bem, eu paro. Apanhe outra vez aquele pedaço de feltro: desembace, desembaço. Choveu demais, esfriou. Mas deve haver algum jeito exato de contar essa história que começa e não sei se termina ou continua assim:
Sonhei que você sonhava comigo. Ou foi o contrário? Seja como for, pouco importa: não me desperte, por favor, não te desperto."

(C.F.)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

aconteceu.

aconteceu. foi tão rápido que quando se deram conta tudo estava alagado. completamente cheio, água para todos os lados. baldes e baldes, e nada de diminuir. a cada minuto um pouco mais, mais água, mais. cheio, inundado.

faltou luz no bairro, tudo ficou apagado. era dia de festa e nada se via, o vento tratava de apagar todas as velas acesas. banho gelado, comida fria. silêncio total na vizinhança. ela foi deixada ali. ninguém apareceu. o garçom tentava disfarçar a surpresa, a amiga tentava acalmá-la. vergonha alheia. ele estava lá, mas tinha se esquecido.

aconteceu. o farol abriu e ela atravessou. caminhou mais uns quatro ou cinco quarteirões e sentou ali. as bochechas rosadas não a deixavam esconder a vergonha, mas o cigarro ia ajudando. a cada tragada ela se sentia mais forte, e após uns dois ou três conseguiria encarar de frente.

faltou coragem, tudo por água abaixo. era dia de ficar sozinha, o vento batia em seus cabelos e acalmava o coração. taquicardia, aperto. silêncio no quarto. ela deixou tudo ali e ninguém perguntou nada. ele estava lá, mas tinha se esquecido.

aconteceu. o sol apareceu no canto da janela e ela despertou. tomou uma xícara de café e saiu dali. seguiu andando até aquela praça de sempre, sentou-se e abriu o livro, leu: "dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.". isso. emoções contraditórias, gosto. ele sempre estava certo.

faltou vontade, tudo deixado para trás. era dia de levantar mais tarde, o vento batia forte contra as árvores e acelerava o coração. tranquilidade, paz. silêncio. ela foi embora e todo mundo se perguntou o porque. ele estava ali, mas tinha medo de dizer.

aconteceu.
ela foi para lá, e se esqueceu de dar tchau.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

o relógio;

o tempo passa, os dias começam e terminam, o ponteiro do relógio não para. ela está lá. o dia amanhece ensolarado, faz calor e as pessoas se apressam pelas ruas da cidade grande. ela ainda está lá. sai a primeira fornada de pão da padaria de esquina e o cheiro de café se espalha pelos arredores. ela permanece ali. os ônibus vão ficando cada vez mais cheios e os atrasados correm pelas calçadas. ela continua, permanece, fica ali e lá.

o ponteiro aponta o meio do dia e o sol vai embora. ela coloca um agasalho. a chuva chega trazendo o frio, o vento. ela abre o guarda-chuva. o céu fica preto, quase anoitece. ela observa gota por gota. na rua se vê vendedores ambulantes, gente correndo, água e mais água. ela sorri.

em cada gota um sonho. em cada sonho uma nova esperança. para cada esperança um frio na barriga. para cada frio na barriga um sorriso. um poço de risos e taquicardias. ela sempre esteve ali.

lá em cima os aviões continuam passando e a cada avião um medo. do alto da ponte se vê o trânsito de guarda-chuvas, e para cada guarda-chuva um desejo novo. ela continua caminhando por mais alguns minutos, então chega. fecha o guarda-chuva e a chuva se vai, o céu se abre. empurra a porta de vidro e o cachorro-de-rua ali fora encontra um cantinho seco para deitar. ela senta, chama por alguém. a música toca, a mesma música.

ela está, continua, permanece, fica, se agasalha, abre o guarda-chuva, observa gota por gota, sorri, sonha, tem esperança, sente frio na barriga, sorri novamente, sente o coração acelerar, diz que sempre esteve ali, sente medo, deseja, chega, chama.. e espera por alguém que não vai aparecer.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

daqui pro céu.

longe daqui, longe de tudo. e nessa longitude, nessa distância sem fim é que ele percebe as entrelinhas. é assim, e talvez, só assim que as coisas devam ser, por enquanto.

ele senta ali, e observa cada passo, cada onda, cada brisa diferente. é como se o vento levasse tudo que ele mais almejava, chegou e bateu.. ventou e se foi. e quem dirá que é tarde? as respostas ficam no ar e ha dúvidas por todo lado. ele sabe que não precisa mais disso, ele bate o pé e grita com todas as forças, mas não adianta. o que é de alma, fica na alma. dói como queimadura, arde, faz renascer e morrer mais um pouquinho a cada dia. ele sabe, ele sente, ele pensa.

mas então ele percebe. a vida nada mais é do que isso, pensamento atrás de outro, lágrima intrusa, coração pulsante, emoção e novidade a cada manhã. você pode não olhar para o céu, mas ele estará lá todos os dias te vendo, te observando, cuidando de longe, sentindo sua falta. o céu é grande e cheio de mistérios, mistérios que sua cabeça não consegue desvendar. mas desvendar é acabar com a graça, e do óbvio ele não gosta. ou talvez goste, mas prefere não deixar cair na rotina. rotina cansa, mas muitas outras coisas também o deixam cansado, vai entender.

a rua nunca esteve tão cheia, tão movimentada, tão insuportável. o céu estava bonito, azul, radiante, mas como pode? os dias passam rápido e as tristezas parecem passar mais devagar, os ponteiros viram no relógio... tão freneticamente que ele fica tonto. as pessoas continuam. muitas opções, muitas escolhas, se encontrar para se perder de novo.


e ele escolheu um caminho, pegou a direita e entrou no terceiro quarteirão à esquerda. e é lá. o coração está lá. o céu. agora é preciso recomeçar.

terça-feira, 31 de março de 2009

ontem, hoje e amanhã.

é quando olhamos pra dentro que conseguimos realmente enxergar tudo que levamos todos os dias com a gente. todos os valores conquistados, todas as perdas e as marcas das coisas ruins que serviram para crescermos, todos os sorrisos acolhedores, os abraços, os romances e a alegria pura do dia-a-dia conturbado.

andamos nessa estrada e não sabemos nunca onde vai dar, o que vai aparecer, o que será depois do último gole de cerveja. nos dizem que o certo é viver hoje sem se importar com amanhã, mas sempre tentamos prever o futuro, sempre. o futuro é a nossa fome, é o que nos move, é o nosso resultado, talvez o fim. o fim? satisfação completa. tranquilidade.

cada dia é uma lição, cada minuto é uma descoberta nova, sobre nós e sobre o mundo. ciranda de sensações, ciranda de sentimentos. alguns dias acordamos cansados de tanto rodar e a cabeça dói. em outros, saímos girando e rodando por aí, sorrindo e rindo, e essa é a graça. essa quase-bipolaridade que as pessoas têm. essa vontade de ser e estar, fazer e crescer, amar e sofrer.

então viramos a página, fechamos o livro e jogamos ele janela a fora.

mas do que adianta? na vida sempre teremos gente colocando nossos valores à prova. e para que provar? eu sei o que sou, você sabe o que és. e a vida segue. quando não pensamos para fazer pelos outros, somos altruístas demais. quando pensamos para fazê-lo, somos egoístas. quando nos doamos, somos exagerados. quando lutamos, somos sufocadores. então a vida nada mais é do que um jogo. fingir ser o que não é, fingir querer o que não quer. medriocridade.

acertar é difícil, mas possível. errar é consequência, mas aprendizado. e hoje quando eu me olho no espelho, vejo: sou bem mais forte.

quinta-feira, 26 de março de 2009

terça-feira, 24 de março de 2009

só o que me interessa;

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa

domingo, 22 de março de 2009

domingo;

ela abre os olhos - é domingo - e pensa se vale a pena levantar ou não. o corpo continua cansado de sábado a noite, a cabeça pesa e insiste em se manter grudada ao travesseiro. os olhos teimam em se fechar novamente. no rádio-relógio esta marcado: mais um dia perdido.

essa sensação cheia desse vazio todo.

sexta-feira, 20 de março de 2009

alguém explica;

é fácil dizer que ama, o difícil é sentir o coração pulsar involuntariamente e não se sentir assustada. é fácil andar de mãos dadas mundo a fora, o difícil é descobrir a hora certa para apertar a mão do outro e pedir para que fique mais. é fácil sorrir ao ouvir uma declaração, o difícil é encontrar palavras suficientes para responder a altura. é fácil, muito fácil, fingir que não liga, que não dói quando se ouve um "tchau", o difícil é conter as lágrimas e ficar em silêncio. é fácil abraçarbeijar e dizer que não podia ser melhor, o difícil é acalmar a falta que já te dominou o coração e alma. é fácil dizer que vai ser bom enquanto durar, o difícil é imaginar o fim.



alguém me explica o que é esse tal de amor? porque eu to cheia dele aqui e não sei mais onde guardar.

quarta-feira, 11 de março de 2009

she;

não ha caminho certo, ou modo correto de pensar nas coisas. ela estava lá, sentada naquela calçada imunda, fumando aquele cigarro que parecia não acabar nunca, pensando. não dava para enxergar direito, aquelas gotas de chuva atrapalhavam minha visão, mas sabia que era ela. o jeito de pegar no cigarro, o jeito de observar aquela fumaça toda saindo de sua boca, os cabelos molhados, o casaco listrado de sempre, era ela.

pensei em me aproximar e oferecer carona, mas a conheço tão bem que sei o que teria me respondido, com aquele sorriso sem graça, com uma das mãos no rosto e ficando com as bochechas levemente avermelhadas. nunca gostei de pessoas previsíveis, mas ela me atraia de uma forma diferente. a inocência não-inocente e o jeito com o qual me olhava quando eu passava, um olhar vago, intenso. ela continuava lá, mas agora havia apagado o cigarro.

todas as pessoas que a conhecem dizem que é esperta, que é forte e que sabe lidar com as situações difíceis da vida. mas eu sei, que no fundo, ela só pede para que alguém a levante e a segure firme, para que ela não caia mais. sei que ela não é fraca, mas não é forte também. sei que chora quando ouve músicas, sei que grita quando ouve um trovão, sei que tem medo de se perder e não se achar mais. eu a levaria para passear naquele dia, a levaria para um café e lá iríamos divagar horas sobre assuntos completamente inimagináveis, iríamos rir e fumar muitos cigarros, até a hora em que eu pegasse na mão dela - eu sei, sei exatamente - ela sorriria e diria que ia ao banheiro, onde ficaria se olhando no espelho e se questionando se aquilo era realmente verdade, eu a conheço. e as vezes preferia não conhecer, não saber nada sobre ela, não entender nada do que se passa por dentro daquele coração que teme não se aquecer de novo.


ela e eu, eu e eu mesma. estranho fucking jeito que as coisas são, e como em um certo ponto da vida temos a certeza de que nos conhecemos por completo. e agora?

quarta-feira, 4 de março de 2009

bagunça;



preciso confessar que esqueci completamente desse blog no último mês, mas aqui estou (quase um mês depois) pra me redimir. voltar a registrar todos aqueles sentimentozinhos que passam no meu coração? não sei. mas vou voltar a cuspir alguns problemas aqui, ou escrever em notas musicais aquela minha felicidade boba por ter encontrado pessoas legais na faculdade.



que bagunça! minha vida está completamente bagunçada. organização? pff, essa palavra passa longe do meu dicionário. tudo perfeitamente bagunçado e bom. não quero organização, arrumação, não quero tirar a poeira, não quero. a poeira está nos lugares certos, as coisas novas tem chegado aos montes e eu tô procurando lugar pra guardá-las. as menos importantes eu jogo embaixo da cama, ponho nas prateleiras do meu novo armário, deixo lá. por quê? porque tá tudo bem assim. eu tinha metas, aliás, tenho metas ainda, mas elas só servem pra me orientar e muitas vezes esqueço de olhar para os lados. ao lado passam muitas coisas interessantes. tô pegando todo tipo de informação e colocando no bolso, quando chego em casa jogo tudo em cima da cama, me sento, e as observo. isso tem deixado meus dias completos, acredite.



coisas novas, pessoas novas, lugares novos, idéias novas. tudo isso é bem menos assustador agora.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

o roubo;



alguém passou aqui e me roubou. foi um furto, tão bem furtado que eu não tive chances de perceber quem foi o autor da obra. mas sei que és um filhodaputa. se foi você, me devolva. rápido. não posso ficar sem, cada um tem a sua, não precisava roubar.. por que não pediu emprestado? eu te ajudava, estimulava. a gente dava um jeito. com conversa tudo de resolve. ladrão de merda.

quem é você? por onde você anda? o que você faz da sua vida? quantos anos você tem? será você um homem ou uma mulher? se for mulher, será loira ou morena? se for homem, será que já disse 'eu te amo'? se for um senhor, será que seus dias estão chatos e por isso me roubaste? cadê você, me diz, onde é que você se meteu? em que esquina? qual bar? em que pedaço? onde?

alguém passou aqui e me roubou. levaram minha inspiração.

hoje em dia é comum. roubam até vento. o pai vende a própria filha, o padre sai voando num balão, a síndica do prédio morre queimada e ninguém descobre como isso aconteceu. o fulano lá jogou a filha da janela do sexto andar do prédio, o apartamento da xuxa pegou fogo (e a filhadamãe não sofreu nenhum arranhão), existem boatos de que a claudia raia está grávida, 'beijinho doce' é o hit de 2009. tanta coisa mais interessante. e por que quiseram tirar de mim a inspiração?

não consigo entender, não há cabimento cabível. não ha explicações plausíveis. não existem linhas tênues e nem o cosmo consegue me responder.

bom. você que me roubou, deve saber onde moro, o que faço, onde estudo, onde trabalho. só lhe deixo um recado: devolva-me.

grata,
gabriela.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

sem saber;

sem saber porque, sem ter noção, sem querer sofrer, ou apenas querendo resolver antes que complique. sem estar a fim, sem querer, sem compaixão, sem perdão, só se for verdade. você suportaria?

- querida, estou indo embora, e não.. não me peça para ficar, não posso. estou atrasada, meu vôo parte em quatro horas, estou a caminho do aeroporto, só liguei para lhe desejar uma vida feliz.

(não faça isso, como pode?)

- ei, liguei só pra dizer que eu sei que você vai sofrer, mas sofrimento passa. a gente cresce, aprende a viver sem algumas pessoas. pra mim não dá mais, te enganei, não a amo. e sei que você será alguém bem melhor depois disso.

(e o que me disse ontem de manhã ao pé do ouvido?)

- alô? sonhei com você. não sei explicar essa minha necessidade de te contar minha vida. conheci uma guria aqui, ela é linda, loira dos olhos claros e vou tentar minha sorte. espero que esteja feliz.

(...)

- oi? ah! ela não está em casa? diga que liguei e mandei lembranças, tenho pensado muito em voltar.

(recado? ah, se ela ligar de novo diga que eu mudei de casa!)

- mudou? foi pra onde? ta ok, eu ligo no celular. até!

(não acredito, por que não some?)

- se espera que eu suma e que nunca mais te ligue, pode tirar o cavalinho da chuva. me preocupo, cadê você? quero te contar as coisas, as novidades. tirei algumas fotos, recebeu aquele meu postal?

(ela? ah.. ela não é ninguém, um caso passado. o que importa é o presente.)

- o céu estava rosado hoje a tarde, lembrei de você. fiquei vendo nossa estrela brilhar, da janela do meu quarto tem uma vista linda. espero que esteja bem, com saúde. eu to cansada, tentando juntar dinheiro para voltar.

(casa comigo?)

- como ousa? um convite para uma festa de casamento? quem é essa mulher? onde você conheceu ela? o que que ta acontecendo? to aqui, to de volta.

(...)

- achei que éramos pra sempre...






o acaso está nas mãos do destino. agora é só assistir ao filme.
- ingressos, por favor!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

distância imaginária;

ei, amigo. desde aquela tarde de quarta-feira que não ouço mais tua voz, tua risada. o que é que está te deixando tão pra baixo? não ouvi comentários quase obcenos sobre as pessoas na rua, não ouvi elogios furados ou piadas sem graça nenhuma. você só olha para baixo, o chão não é tão interessante assim.

amigo, deixa a preocupação pra lá. vamos tomar uma cerveja, jogar uma partida de sinuca e rir da vida alheia. pode até ser uma dose de tequila, mas deixe essa cara feia pra lá e sorria, sabe, nunca te disse o quanto gosto do teu sorriso, mas é.. eu gosto muito. entro nele e sei que ali há felicidade para mim e para você, sei que basta.

ei, você. o que está acontecendo? se é para chorar, chore no meu ombro. não me importo que você molhe minha camiseta com suas decepções, suas lágrimas. me conta, grite comigo, tira isso da sua garganta, daqui a pouco você morre engasgado. foi alguma coisa que te disseram? alguém te ofendeu? porque se for isso eu resolvo o problema. só não fique tristonho assim, isso parte meu coração.

ta bom, vai. eu vou deixar de te encher o saco, mas promete que quando for a hora certa você vai me contar o que aconteceu? porque não vou suportar não saber. eu sei que existem coisas que a gente guarda só pra gente, mas você pode confiar em mim. eu sempre confiei muito em você, sabe.. muito. sempre vou confiar. te acho digno e justo, gosto de ouvir seus conselhos e gosto de ver sua cara de preocupação quando eu chego sem sorrir na sua casa e te peço um cigarro.

olha, eu to ficando muito triste. assim você vai acabar com o meu dia. não há coisa pior no mundo do que se sentir impotente, e eu estou me sentindo assim por não poder te ajudar. é doença? é na família? se for dinheiro eu te empresto, te dou meu salário todinho. não olha com essa cara de merda pra mim, é verdade. odeio quando você desconfia de mim, do meu amor e da minha consideração. simplesmente faço o que for, mas dá um sorrisinho só.. aquele de cantinho de boca só. ou então solta uma piada sarcástica, me bate, abre a boca.

ta bom, fui eu, né? não quis te machucar quando contei pra ela que você me disse aquilo. eu só estava pensando que poderia te ajudar, que podia ser a solução. escuta, todo mundo se depciona um dia, acontece. mas eu to aqui. não vai acontecer de novo. desculpa, sim?

entendi. o problema não é você e não sou eu. o problema foi o tempo que nos separou. hoje existe distância mesmo eu estando ao teu lado. e se tu soubesse o quanto isso dói.. iria embora.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

don't watch me dancing;

estava sentada ali, observando as luzes piscando, procurando figuras no ar e pensando no acaso. cerveja quase no fim, pessoas dançando frenéticamente, gente se conhecendo e ela desconhecendo toda aquela euforia alheia, queria ficar só, ouvir a melodia e se afundar ali, naquele sofá, confortavelmente.

mais uma cerveja e uma rápida olhada para a pista, procura alguém interessante, um bom papo, uma ficada ou sexo casual. então: ele. não era desconhecido, o papo causaria dor-de-cabeça, uma ficada ia trazer mais problemas e o sexo ela já sabia que era bom (ou seja, mais problemas ainda). mesmo assim, aproximou-se. "oi" - e todos os seus pêlos se arrepiaram de uma única vez, seu coração acelerou e não sabia ao certo se seus pés ainda tocavam o chão. o abraço foi necessário para que ele notasse todas essas sensações e as sentisse também. não precisavam de palavras, olhares diziam mais, o toque das mãos dizia, por si, o quanto sentiam a falta um do outro. um minuto que parecia passar mais devagar.

ele deu um passo para trás, olhou bem ao fundo dos olhos dela e sorriu. ela fugiu ao sorriso e saiu andando pela pista, não podia ser de novo, não aguentaria mais uma vez. virou a cerveja e partiu pra vodca, pegou uma no bar e foi dançar.

os olhares continuavam se cruzando, cada vez mais descaradamente. ele - agora sentado naquele sofá - a olhava dançar, observava cada linha daquele corpo, sua expressão, o jeito como seus cabelos mexiam e como ela segurava o copo nas mãos. não podia existir nada de mais belo - ele pensava: mas então por que não ser? - e antes que achasse qualquer resposta já sabia que simplesmente não era.

"all her best years spent distracted by these tired reenactments with the right step she'll try her chances somewhere else"

ela pedia a deus para que fosse sonho, para que fosse a falta de drogas ou o excesso de bebida. ele não poderia estar lá, sendo que da última vez em que o viu, foi saindo pela porta dizendo que não iria mais voltar. ela olhava para as pessoas ao redor, pedia ajuda, gritava silenciosamente, chorava por dentro.

ele se levanta. o coração dela acelera. chega mais perto, passa suas mãos em volta da cintura dela. ela sorri para disfarçar. ele diz que se arrepende, que era um recomeço. ela deixa escapar uma lágrima. ele a beija. se tornam um só.

"something changes when she glances enough to teach you what romance is with the right step they try their chances somewhere else".

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

pensamentos para doismilenove;


os dias passam cada vez mais depressa, já não importa muito se faz sol ou se o dia amanhece nublado, tenho coisas a fazer, planos a cumprir, gente pra rever e conhecer, trabalho, faculdade, namoro, amizades, pessoas voltando, outras que vou cortando e pedindo para saírem do caminho, lembranças boas e algumas ruins, maturidade, algumas roupas novas, duas bolsas, um salário para gastar, a vida para viver.

esse ano vou fazer mais por mim, cuidar mais de mim. não vou te esquecer, mas o foco agora sou eu, eu e mais ninguém. vou crescer, aprender, descobrir, rever, contar, planejar e cumprir. porque quando olhei no relógio e o ponteiro virou o ano, senti que algo dentro de mim brilhava mais do que de costume. vou ser estrela e ninguém vai roubar meu coração (aliás, porque ele já foi roubado).

vou fazer por onde, jogar as tralhas, tirar a poeira e dar adeus pra quem não me acrescenta mais nada. vou reclamar menos e fazer mais, dormir menos e aproveitar os dias ensolarados. vou tirar mais fotos, ler mais livros, gastar menos dinheiro com comida, comer menos, tomar menos cerveja e beber mais cachaça, jogar mais poker, aproveitar mais meus amigos, dizer 'te amo' só para quem eu realmente amar, abraçar minha mãe antes de dormir e não me importar com a burrice alheia.


doismilenove, venha. vou te aproveitar, engolir cada segundinho seu, fazer com que você faça a diferença, te levar pra passear e não temer o futuro.