quarta-feira, 23 de abril de 2008

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ela ainda pode se lembrar daquele dia em que ganhou um banana de pijama de pelúcia do pai, pode recordar a dor que sentiu quando o viu partir, e até rir quando lembra que brigou com ele por medo de perder o título de filha.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que apostou todos seus tazos com a amiga do apartamento de baixo, e perdeu. Lembra, como se fosse ontem, que entrou chorando em casa e sua mãe voltou lá e pegou tudo de volta, sempre a mãe heroína.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que pediu seu amiguinho em namoro no elevador do prédio, e ele disse que não. Mas cinco minutos depois voltou e disse que sim, mas aí quem não queria era ela. Se lembra do pembolim, do video game, do super-trunfo, dos almoços com a família dele, lembra com carinho.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que resolveu cortar seu cabelo curto que nem o da mulher da revista, e se lembra como se arrependeu amargamente por isso, e o quanto era bacana usar aquele chapéu que seu irmão lhe deu.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que rasgou sua bermuda na aula de educação física e teve que atravessar a escola toda para ligar pra mãe dela levar outra, ou então do dia em que uma menina qualquer abaixou sua calça no meio do colégio, e até do dia em que seu irmão a esqueceu na escola até de noite.
Ela ainda pode se lembrar de amizades que chegaram e partiram em questão de dias, das paixonites pelos meninos populares do colégio, de seu primeiro beijo, do cara que a beijou aquela primeira vez, e ri por ter sido tão patético.
Ela ainda pode se lembrar do dia que teve de ir ao cabelereiro para ele desfazer o nó que ela tinha deixado no cabelo, e de como doeu aquilo. Se lembra das primeiras noites que passou acordada com sua prima e o namorado vendo filmes da Pequena Sereia.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que perdeu seu primo tão querido, se lembra o quanto doeu e ainda dói, se lembra de cenas que já estavam na lembraça anteriormente, mas hoje lembra tranquilamente.
Ela ainda pode se lembrar de seu primeiro amor, e descrevê-lo perfeitamente. Se lembrar das perseguições, das conquistas e das idéias malucas que passavam por sua cabeça, ela se lembra com saudades de um sentimento bom.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que conheceu sua melhor amiga, sua primeira menina, sua mãefilhatiaetudojunto. De como eram inocentes e de como são hoje, mulheres e bem mais fortes e melhores que antes.
Ela ainda pode se lembrar das milhares de lágrimas que derramou ao ver uma amiga partir para um intercâmbio, consegue ainda sentir o aperto no coração. Mas algumas amizades ficam na lembrança, e na vontade de voltar a ser o que eram.
Ela ainda pode se lembrar dos anos repetidos no colégio, do stress das provas de recuperação, das broncas em casa, das chantagens e ameaças esquisitas, e das vitórias que depois conquistou.
Ela ainda pode se lembrar da diretora do novo colégio falando asneiras sobre sua mãe, das advertências, dos atrasos, das vezes que matou aula para comer pastel ou falar bosta sentado na praça em frente ao colégio. Lembra-se da sorte que teve de conhecer pessoas ali que mudaram sua vida.
Ela ainda pode se lembrar de muitas coisas, de histórias engraçadas, tristes, antigas, recentes, bonitas, dramáticas. Ela se lembra e não cansa. Ela lembra muito, e de alguma forma ela acredita que lembranças a tornam melhor, como fotografias que registram sorrisos ou algo assim.
E ela vai lembrar disso também.

domingo, 13 de abril de 2008


No começo ela olhava para o céu e só pensava em uma coisa, no começo os olhos ardiam, no começo ela queria detonar, bater, humilhar, jogar na cara, sair por cima. O começo já passou e hoje ela olha para trás com orgulho de quem foi, e para frente com a esperança de ser cada dia melhor, e ela pode ser, she knows.
A raiva havia batido muitas vezes na porta do seu apartamento, ela abria, servia um café e ficava de frente com o inimigo, ouvindo suas próprias histórias, vendo seus próprios fracassos, assistindo de camarote. Who cares about me? Quem liga quando ela está chorando? Quem compra chocolates quando ela está na tpm? Quem simplesmente fica de mãos dadas fazendo cafuné enquanto ela assiste televisão? Who? Quem? A raiva, aquele ódio sem igual não a deixava respirar, sempre acordava de madrugada aos prantos, no escuro do quarto cheio de fumaça, a única luz que dava para enxergar era a da brasa de seu cigarro.
Em uma tarde cinza durante a semana ela acordou, levantou, tomou banho, colocou sua melhor roupa, comeu alguma besteira e escreveu em um caderninho preto que costuma deixar em cima da televisão em frente a cama: "De hoje em diante tudo mudou". E tudo mudou. Mudou, e mudou.
Ontem sorria ouvindo qualquer besteira em uma festa cheia de gente desconhecida dessa cidade enorme, hoje chora ao se lembrar dos fracassos, mas chora para não repetir mais os mesmos erros, chora para colocar pra fora a vontade idiota que as vezes tem de voltar pro mesmo lugar, chora porque sabe que agora they care about her. Yes, now they care.

A sensação única de ter pessoas que realmente se importam contigo ao teu lado, ela jamais esquecerá.

terça-feira, 1 de abril de 2008

O que eu quero? Existem mil coisas que a gente passa a vida inteira desejando, não é? Coisas absurdas, idiotas, grandes, bizarras.
Pois é, eu queria uma ferrari, yakult dois litros, queria morar uma casa flutuante, queria voar, queria que no maço de cigarro viessem quarenta cigarros e que o preço fosse menor, queria que cigarro não desse cancêr, queria um pijama verde de bolinhas vermelhas, queria um computador de última geração com o triplo da memória do meu, queria ir num show dos Beatles, queria ter olhos claros, queria ter um labrador, queria conhecer mais bandas fodas, queria ter uma banda foda, queria morar na Europa, queria ter nascido em Londres, queria que minha família fosse mais unida, queria ter um casal de filhos, queria ser menos ciumenta, queria poder ter tudo isso e mais ainda.
Mas as vezes as coisas são tão banais, tão pequenas perto de tudo. Pare e pense que existem pessoas que ao invés de quererem uma maleta com um bilhão de dólares para comprar todas essas coisas e mais coisas fúteis e idiotas, acordam desejando apenas um prato de comida, tem gente que trabalha o dia todo pra ganhar só R$ 300, 00 reais, enquanto eu estou aqui recusando empregos que me dão mais que isso. Tem gente sofrendo porque perdeu tudo em uma enchente, enquanto eu reclamo que queria comprar um aparelho de som novo, tem gente que dorme sem cobertor, enquanto eu durmo com dois e um edredom. E sabe o que mais revolta? É que a gente reclama a vida inteirinha de barriga cheia, de idiota.. E mesmo sabendo de tudo isso, nunca paramos de reclamar.
Me sinto vazia e suja quando paro pra pensar nisso, pensar que sou apenas mais uma pessoa idiota e hipócrita que reclama, reclama e não faz nada. As vezes pensar não é a solução, dizer e argumentar a favor das pessoas carentes é fácil, difícil é estar na pele delas, difícil é fazer algo por elas. Você já parou pra pensar nas pessoas que acordam todos os domingos de manhã para entregar almoço quentinho as pessoas menos favorecidas? Eu já, pensei e minha cabeça se voltou pra outra coisa. Pois é, agora é hora de mudar. Não quero mais falar, não quero mais pensar, quero agir, fazer diferença. Sim, você pode pensar que isso é besteira, mas começando pelas coisas mais simples você alcança o topo.
Doe seus livros de criança que estão empoeirados na estante, doe seus agasalhos, doe comida, se doe um pouco, se doe por inteira. Abrace o mundo ao invés de sentar na cadeira do boteco e reclamar dele. Putaquepariu, que vergonha.
Mudar é bom, mudar é preciso.. E antes de dizer que isso é besteira, pense mais uma vez. Besteira é ficar desejando um bando de coisas e não correr atrás. Se você quer se dar bem, batalhe, lute pra isso. Mas nunca esqueça que não se deve passar por cima de ninguém, nunca.. E não, não ache que pra isso se deva passar por cima de você, claro que não. Passe em frente, dê um passo, o primeiro que seja. Mas faça algo, por você, por eles, por nós, por todos.

Eu acordei indignada.
E agora eu digo: queria que não existisse violência, queria que o sistema funcionasse, queria justiça com o povo, queria poder dar casa para todas as pessoas que moram nas ruas, queria ensinar as pessoas que não se deve matar, queria que não existissse abuso sexual, queria que não existisse briga entre religiões, queria que não existisse tamanha diferença entre as pessoas, queria que o mundo aceitasse os gays como pessoas totalmente normais, queria mudar. Eu quero.