sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

o roubo;



alguém passou aqui e me roubou. foi um furto, tão bem furtado que eu não tive chances de perceber quem foi o autor da obra. mas sei que és um filhodaputa. se foi você, me devolva. rápido. não posso ficar sem, cada um tem a sua, não precisava roubar.. por que não pediu emprestado? eu te ajudava, estimulava. a gente dava um jeito. com conversa tudo de resolve. ladrão de merda.

quem é você? por onde você anda? o que você faz da sua vida? quantos anos você tem? será você um homem ou uma mulher? se for mulher, será loira ou morena? se for homem, será que já disse 'eu te amo'? se for um senhor, será que seus dias estão chatos e por isso me roubaste? cadê você, me diz, onde é que você se meteu? em que esquina? qual bar? em que pedaço? onde?

alguém passou aqui e me roubou. levaram minha inspiração.

hoje em dia é comum. roubam até vento. o pai vende a própria filha, o padre sai voando num balão, a síndica do prédio morre queimada e ninguém descobre como isso aconteceu. o fulano lá jogou a filha da janela do sexto andar do prédio, o apartamento da xuxa pegou fogo (e a filhadamãe não sofreu nenhum arranhão), existem boatos de que a claudia raia está grávida, 'beijinho doce' é o hit de 2009. tanta coisa mais interessante. e por que quiseram tirar de mim a inspiração?

não consigo entender, não há cabimento cabível. não ha explicações plausíveis. não existem linhas tênues e nem o cosmo consegue me responder.

bom. você que me roubou, deve saber onde moro, o que faço, onde estudo, onde trabalho. só lhe deixo um recado: devolva-me.

grata,
gabriela.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

sem saber;

sem saber porque, sem ter noção, sem querer sofrer, ou apenas querendo resolver antes que complique. sem estar a fim, sem querer, sem compaixão, sem perdão, só se for verdade. você suportaria?

- querida, estou indo embora, e não.. não me peça para ficar, não posso. estou atrasada, meu vôo parte em quatro horas, estou a caminho do aeroporto, só liguei para lhe desejar uma vida feliz.

(não faça isso, como pode?)

- ei, liguei só pra dizer que eu sei que você vai sofrer, mas sofrimento passa. a gente cresce, aprende a viver sem algumas pessoas. pra mim não dá mais, te enganei, não a amo. e sei que você será alguém bem melhor depois disso.

(e o que me disse ontem de manhã ao pé do ouvido?)

- alô? sonhei com você. não sei explicar essa minha necessidade de te contar minha vida. conheci uma guria aqui, ela é linda, loira dos olhos claros e vou tentar minha sorte. espero que esteja feliz.

(...)

- oi? ah! ela não está em casa? diga que liguei e mandei lembranças, tenho pensado muito em voltar.

(recado? ah, se ela ligar de novo diga que eu mudei de casa!)

- mudou? foi pra onde? ta ok, eu ligo no celular. até!

(não acredito, por que não some?)

- se espera que eu suma e que nunca mais te ligue, pode tirar o cavalinho da chuva. me preocupo, cadê você? quero te contar as coisas, as novidades. tirei algumas fotos, recebeu aquele meu postal?

(ela? ah.. ela não é ninguém, um caso passado. o que importa é o presente.)

- o céu estava rosado hoje a tarde, lembrei de você. fiquei vendo nossa estrela brilhar, da janela do meu quarto tem uma vista linda. espero que esteja bem, com saúde. eu to cansada, tentando juntar dinheiro para voltar.

(casa comigo?)

- como ousa? um convite para uma festa de casamento? quem é essa mulher? onde você conheceu ela? o que que ta acontecendo? to aqui, to de volta.

(...)

- achei que éramos pra sempre...






o acaso está nas mãos do destino. agora é só assistir ao filme.
- ingressos, por favor!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

distância imaginária;

ei, amigo. desde aquela tarde de quarta-feira que não ouço mais tua voz, tua risada. o que é que está te deixando tão pra baixo? não ouvi comentários quase obcenos sobre as pessoas na rua, não ouvi elogios furados ou piadas sem graça nenhuma. você só olha para baixo, o chão não é tão interessante assim.

amigo, deixa a preocupação pra lá. vamos tomar uma cerveja, jogar uma partida de sinuca e rir da vida alheia. pode até ser uma dose de tequila, mas deixe essa cara feia pra lá e sorria, sabe, nunca te disse o quanto gosto do teu sorriso, mas é.. eu gosto muito. entro nele e sei que ali há felicidade para mim e para você, sei que basta.

ei, você. o que está acontecendo? se é para chorar, chore no meu ombro. não me importo que você molhe minha camiseta com suas decepções, suas lágrimas. me conta, grite comigo, tira isso da sua garganta, daqui a pouco você morre engasgado. foi alguma coisa que te disseram? alguém te ofendeu? porque se for isso eu resolvo o problema. só não fique tristonho assim, isso parte meu coração.

ta bom, vai. eu vou deixar de te encher o saco, mas promete que quando for a hora certa você vai me contar o que aconteceu? porque não vou suportar não saber. eu sei que existem coisas que a gente guarda só pra gente, mas você pode confiar em mim. eu sempre confiei muito em você, sabe.. muito. sempre vou confiar. te acho digno e justo, gosto de ouvir seus conselhos e gosto de ver sua cara de preocupação quando eu chego sem sorrir na sua casa e te peço um cigarro.

olha, eu to ficando muito triste. assim você vai acabar com o meu dia. não há coisa pior no mundo do que se sentir impotente, e eu estou me sentindo assim por não poder te ajudar. é doença? é na família? se for dinheiro eu te empresto, te dou meu salário todinho. não olha com essa cara de merda pra mim, é verdade. odeio quando você desconfia de mim, do meu amor e da minha consideração. simplesmente faço o que for, mas dá um sorrisinho só.. aquele de cantinho de boca só. ou então solta uma piada sarcástica, me bate, abre a boca.

ta bom, fui eu, né? não quis te machucar quando contei pra ela que você me disse aquilo. eu só estava pensando que poderia te ajudar, que podia ser a solução. escuta, todo mundo se depciona um dia, acontece. mas eu to aqui. não vai acontecer de novo. desculpa, sim?

entendi. o problema não é você e não sou eu. o problema foi o tempo que nos separou. hoje existe distância mesmo eu estando ao teu lado. e se tu soubesse o quanto isso dói.. iria embora.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

don't watch me dancing;

estava sentada ali, observando as luzes piscando, procurando figuras no ar e pensando no acaso. cerveja quase no fim, pessoas dançando frenéticamente, gente se conhecendo e ela desconhecendo toda aquela euforia alheia, queria ficar só, ouvir a melodia e se afundar ali, naquele sofá, confortavelmente.

mais uma cerveja e uma rápida olhada para a pista, procura alguém interessante, um bom papo, uma ficada ou sexo casual. então: ele. não era desconhecido, o papo causaria dor-de-cabeça, uma ficada ia trazer mais problemas e o sexo ela já sabia que era bom (ou seja, mais problemas ainda). mesmo assim, aproximou-se. "oi" - e todos os seus pêlos se arrepiaram de uma única vez, seu coração acelerou e não sabia ao certo se seus pés ainda tocavam o chão. o abraço foi necessário para que ele notasse todas essas sensações e as sentisse também. não precisavam de palavras, olhares diziam mais, o toque das mãos dizia, por si, o quanto sentiam a falta um do outro. um minuto que parecia passar mais devagar.

ele deu um passo para trás, olhou bem ao fundo dos olhos dela e sorriu. ela fugiu ao sorriso e saiu andando pela pista, não podia ser de novo, não aguentaria mais uma vez. virou a cerveja e partiu pra vodca, pegou uma no bar e foi dançar.

os olhares continuavam se cruzando, cada vez mais descaradamente. ele - agora sentado naquele sofá - a olhava dançar, observava cada linha daquele corpo, sua expressão, o jeito como seus cabelos mexiam e como ela segurava o copo nas mãos. não podia existir nada de mais belo - ele pensava: mas então por que não ser? - e antes que achasse qualquer resposta já sabia que simplesmente não era.

"all her best years spent distracted by these tired reenactments with the right step she'll try her chances somewhere else"

ela pedia a deus para que fosse sonho, para que fosse a falta de drogas ou o excesso de bebida. ele não poderia estar lá, sendo que da última vez em que o viu, foi saindo pela porta dizendo que não iria mais voltar. ela olhava para as pessoas ao redor, pedia ajuda, gritava silenciosamente, chorava por dentro.

ele se levanta. o coração dela acelera. chega mais perto, passa suas mãos em volta da cintura dela. ela sorri para disfarçar. ele diz que se arrepende, que era um recomeço. ela deixa escapar uma lágrima. ele a beija. se tornam um só.

"something changes when she glances enough to teach you what romance is with the right step they try their chances somewhere else".

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

pensamentos para doismilenove;


os dias passam cada vez mais depressa, já não importa muito se faz sol ou se o dia amanhece nublado, tenho coisas a fazer, planos a cumprir, gente pra rever e conhecer, trabalho, faculdade, namoro, amizades, pessoas voltando, outras que vou cortando e pedindo para saírem do caminho, lembranças boas e algumas ruins, maturidade, algumas roupas novas, duas bolsas, um salário para gastar, a vida para viver.

esse ano vou fazer mais por mim, cuidar mais de mim. não vou te esquecer, mas o foco agora sou eu, eu e mais ninguém. vou crescer, aprender, descobrir, rever, contar, planejar e cumprir. porque quando olhei no relógio e o ponteiro virou o ano, senti que algo dentro de mim brilhava mais do que de costume. vou ser estrela e ninguém vai roubar meu coração (aliás, porque ele já foi roubado).

vou fazer por onde, jogar as tralhas, tirar a poeira e dar adeus pra quem não me acrescenta mais nada. vou reclamar menos e fazer mais, dormir menos e aproveitar os dias ensolarados. vou tirar mais fotos, ler mais livros, gastar menos dinheiro com comida, comer menos, tomar menos cerveja e beber mais cachaça, jogar mais poker, aproveitar mais meus amigos, dizer 'te amo' só para quem eu realmente amar, abraçar minha mãe antes de dormir e não me importar com a burrice alheia.


doismilenove, venha. vou te aproveitar, engolir cada segundinho seu, fazer com que você faça a diferença, te levar pra passear e não temer o futuro.