segunda-feira, 26 de abril de 2010

meras palavras;

Não, eu não direi tudo. Não direi exatamente, posso chegar perto de concluir a explicação, a definição, mas nunca a completarei. São tantos vazos sem flor, tantos caminhos sem pegadas no chão. Não, eu não irei sozinha. São quatro passos, os meus e os seus. Dois mais dois, quatro. Um mais um, três. Quando verdadeiro, não soma-se apenas dois mundos, se constroi um terceiro. E é. Engrandecedor, inspirador e provocador dos sorrisos mais gostosos, aqueles que nascem com a alma, com o coração pulsante.

Sim, vou fazer planos. Vou elaborar histórias, contos de fada, romances épicos. O pensamento em nuvem trará sonhos, mais sonhos. Cada dia assim, vendo nascer e renascer o sol, quantas vezes quiser. Cada minuto como se fosse o último, ou o primeiro.

Entrelace teus dedos nos meus, segure firme.

Não, eu não direi tudo. Mesmo que tudo seja belo e poético, ainda serão meras palavras.

domingo, 4 de abril de 2010

o balão;

O sol não tinha aparecido naquela tarde.

Ela caminhava pela avenida movimentada, caminhava com a cabeça baixa e com os fones de ouvido gritando a playlist escolhida para o momento. O pensamento fugia da cabeça, passeava pelo corpo, pela caixa das lembranças, pelo céu acinzentado. Os pés iam no ritmo, cada passo era dado conforme a batida da música, do coração. A boca cantava muda e o assobio falho era afinado. Não demorou muito para que o corpo inteiro se manifestasse.

Andava desviando das pessoas, que espantadas olhavam para trás para vê-la melhor. Andava com um sorriso tímido, com as mãos abertas e vez ou outra estralava os dedos. O vestido ia balançando, a franja caía nos olhos, mas ela continuava.

Depois de três quarteirões parou. Parou na esquina e olhou atentamente a placa, lendo e relendo o nome da rua várias vezes. "Será essa?". Não havia movimento ali, ninguém transitando, sem carros, sem biciletas. Prestando mais atenção enxergou os jardins coloridos, as árvores carregadas de frutas e lá no fundo, quase imperceptível, enxergou uma pequena garota brincando sentada em frente a uma das garagens.

Virou à esquerda e seguiu andando.

Com passos mais lentos e seus olhos arregalados de menina-mulher, seguiu pela rua estreita. Qualquer ruído discreto lhe arrepiava, seguia desconfiada, seguia esperando o momento de olhar para trás e fugir. Aos poucos, foi se aproximando da garotinha, - tão sozinha - e foi chegando mais perto, mais perto, bem perto.

A garotinha sorria com os olhos, olhos compenetrados naquela mulher que estava ali na sua frente. Sem pensar, levantou-se e silenciosamente lhe estendeu a mãozinha. Apertou firme. "Confie em mim!". Puxou pela mão aquela que dali em diante não saberia mais guiar sozinha e lhe deu um balão vermelho. "Segure com força e não solte!". E voltou a se sentar em frente a garagem e brincar sozinha.

A mulher, com os olhos cheios d'água, sentiu suas costas aquecerem.

Era o sol, ele apareceu.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

the way it is;

Como cantava aquele que, sem saber, fazia minha vida virar poesia: "é de mágica que eu dobro a vida em flor..".

Passeio só pelas ruas, deixo a maré bater em meus pés, refresco a alma para matar a sede, deixo o vento assoprar e bagunçar meus cabelos...

Deixo sorrir!