domingo, 31 de janeiro de 2010

os olhos;

Ela continuava esperando. Preferia não olhar o relógio para evitar a frustração do tempo perdido, mas continuava ali.

Muita gente entrava e saia daquela sala de cinema e o maço de cigarro estava acabando. Nada. Olhava para os lados, procurava pistas, relia as mensagens no celular e tentava achar alguém na lista de telefones, assim só para fazer o tempo passar. Talvez seu maior medo sempre tenha sido parecer frágil. Parecia que todos estavam encarando-a.

Escondia a expressão de desconforto por de trás do cabelo caído no rosto. Era tímida e detestava quando alguém a observava daquele modo, assim como fazia o rapaz parado lá do outro lado da rua.

Ela desviava o olhar e fingia estar entretida procurando algo na mochila, mas quando acabava a encenação, ele ainda estava lá.

Mais uma hora e nenhum sinal. Uma vez ou outra dava uma passada de olhos para ver se o moço continuava do outro lado. Era como se esperasse algo também. Intrigada, tateou o último cigarro e o acendeu, ele levantou.

Ela logo cruzou os braços e fingiu não estar mais lá, enquanto ele atravessava a rua. Rezava para que alguém chegasse, que algo finalmente acontecesse. Mas nada.

Ele se aproximou e pediu o isqueiro. Ela procurou nos bolsos do casaco, achou, e lhe entregou rapidamente, como se temesse algo. Ele usou e sorriu devolvendo o objeto emprestado. Se olharam fixo por alguns instantes e ela, nervosa, voltou a se sentar no degrau da loja de R$1,99. Ele logo se sentou ao lado.

E ali ficaram, entre sorrisos e olhares, pelo resto da tarde.

domingo, 10 de janeiro de 2010

as despedidas;

Depois de um certo tempo a gente aprende, - e minha mãe sempre me disse isso - depois de um certo tempo já não dói mais.

Se pudéssemos calcular quantas pessoas especiais passariam por nossas vidas, será que perderia a graça? Será que daria para, assim, conter as lágrimas nas despedidas? Eu acho que não. Neste caso, o previsível não existe, é invenção, é problema imposto, é besteira. Se tudo fosse realmente escrito e premeditado como alguém já disse um dia, por que ainda sentiríamos frio na barriga e aperto no coração? É balela, é acaso, é a vida.

Quando criança apostava que todos aqueles que passavam por mim iam permanecer por perto até o fim dos tempos. Hoje, sinceramente, se conseguisse lembrar o nome de dois colegas de classe, já seria muito. Daí perguntei, aos 12 anos, para minha prima: "mas por que as pessoas vão embora?" e ela não soube responder. Hoje telefonei para ela e disse: "descobri!".

É assim. E agora entendo que sim, a gente aprende a não deixar doer mais, ou não tanto.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

dúvidas são traidoras;

Tardes e noites. Pensando, procurando respostas.

E de repente todas as cores são mais vivas, todos os cheiros são mais refrescantes, todos os dias são mais tranquilos e as noites mais amor.

Não sei o que me move, mas eu acredito nisso.
Nem que seja igual, nem que acabe amanhã de manhã.

domingo, 3 de janeiro de 2010

doismiledez;

Estive pensando, refletindo, observando todas essas coisas que aconteceram no ano que passou. Cheguei a conclusão de que, nem que eu tentasse por mil vezes, eu conseguiria explicar o que cada uma delas significou para mim.
Ao pegar minha listinha de "metas para doismilenove" eu percebi que o ano foi produtivo, e me rendeu muitas das conquistas que estavam ali, anotadas e eternizadas naquele papelzinho cor de rosa em que as registrei no ano novo de dois mil e oito.
Hoje, olho para trás com um sorriso e com orgulho de tudo que aprendi, conquistei e reconstrui. Tudo isso que agora passou, ficou naquele outro capítulo.

Depois de tomar champagne, abraçar os amigos e pular as sete ondas, pensei: O que espero de 2010?

E só encontrei uma resposta: espero que seja doce!