Sentei na cama, afofei os travesseiros e me encostei. Procurei pelo controle da televisão nas gavetas, nada. Apertei aquele botão que ficava pendurado do meu lado, nada. Pensei em gritar, desisti. A luta começou ali. Eu e ela, cara a cara de novo.
Agora era ela quem debochava, segurava o riso e me olhava nos olhos. Me lembrava daquele olhar de outros carnavais. Me intimidava, me fazia titubear antes de falar. Mas engoli a seco e disse. Disse a ela tudo que tinha acontecido até ali, tirei todas as palavras que estavam nos bolsos da calça, dentro do casaco, palavras amassadas, palavras que havia guardado por muito tempo. Ousei levantar para pegar a bolsa, mas ela segurou meus braços, me impedindo. Não sei ao certo quanto tempo ficamos naquela posição.
Ela me segurando. Eu me apoiando nela.
A única coisa que consigo recordar é o som da chuva lá fora, caindo forte sobre o teto dos carros e fazendo um barulho que assustava, mas não a mim, não mais.
Fomos interrompidas pelo telefone. Atendi e resolvi o assunto para poder logo voltar ao momento em que paramos, mas quando dei por mim estava só de novo. Respirei fundo, sentei na cama. O controle estava debaixo do travesseiro, liguei a televisão.
Reparei numa fresta de luz amarela que entrava pelos vãos da cortina da janela.
Era o sol.
Finalmente ele tinha voltado.
3 comentários:
o sol sempre volta... renasce a cada dia para nos trazer mais luz.
me orgulha muito, você.
Sabe aquele você lê e sente no coração? Então... (Paola)
eu num sei pq nao leio todos os seus textos.....
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