segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ela ainda pode se lembrar daquele dia em que ganhou um banana de pijama de pelúcia do pai, pode recordar a dor que sentiu quando o viu partir, e até rir quando lembra que brigou com ele por medo de perder o título de filha.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que apostou todos seus tazos com a amiga do apartamento de baixo, e perdeu. Lembra, como se fosse ontem, que entrou chorando em casa e sua mãe voltou lá e pegou tudo de volta, sempre a mãe heroína.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que pediu seu amiguinho em namoro no elevador do prédio, e ele disse que não. Mas cinco minutos depois voltou e disse que sim, mas aí quem não queria era ela. Se lembra do pembolim, do video game, do super-trunfo, dos almoços com a família dele, lembra com carinho.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que resolveu cortar seu cabelo curto que nem o da mulher da revista, e se lembra como se arrependeu amargamente por isso, e o quanto era bacana usar aquele chapéu que seu irmão lhe deu.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que rasgou sua bermuda na aula de educação física e teve que atravessar a escola toda para ligar pra mãe dela levar outra, ou então do dia em que uma menina qualquer abaixou sua calça no meio do colégio, e até do dia em que seu irmão a esqueceu na escola até de noite.
Ela ainda pode se lembrar de amizades que chegaram e partiram em questão de dias, das paixonites pelos meninos populares do colégio, de seu primeiro beijo, do cara que a beijou aquela primeira vez, e ri por ter sido tão patético.
Ela ainda pode se lembrar do dia que teve de ir ao cabelereiro para ele desfazer o nó que ela tinha deixado no cabelo, e de como doeu aquilo. Se lembra das primeiras noites que passou acordada com sua prima e o namorado vendo filmes da Pequena Sereia.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que perdeu seu primo tão querido, se lembra o quanto doeu e ainda dói, se lembra de cenas que já estavam na lembraça anteriormente, mas hoje lembra tranquilamente.
Ela ainda pode se lembrar de seu primeiro amor, e descrevê-lo perfeitamente. Se lembrar das perseguições, das conquistas e das idéias malucas que passavam por sua cabeça, ela se lembra com saudades de um sentimento bom.
Ela ainda pode se lembrar do dia em que conheceu sua melhor amiga, sua primeira menina, sua mãefilhatiaetudojunto. De como eram inocentes e de como são hoje, mulheres e bem mais fortes e melhores que antes.
Ela ainda pode se lembrar das milhares de lágrimas que derramou ao ver uma amiga partir para um intercâmbio, consegue ainda sentir o aperto no coração. Mas algumas amizades ficam na lembrança, e na vontade de voltar a ser o que eram.
Ela ainda pode se lembrar dos anos repetidos no colégio, do stress das provas de recuperação, das broncas em casa, das chantagens e ameaças esquisitas, e das vitórias que depois conquistou.
Ela ainda pode se lembrar da diretora do novo colégio falando asneiras sobre sua mãe, das advertências, dos atrasos, das vezes que matou aula para comer pastel ou falar bosta sentado na praça em frente ao colégio. Lembra-se da sorte que teve de conhecer pessoas ali que mudaram sua vida.
Ela ainda pode se lembrar de muitas coisas, de histórias engraçadas, tristes, antigas, recentes, bonitas, dramáticas. Ela se lembra e não cansa. Ela lembra muito, e de alguma forma ela acredita que lembranças a tornam melhor, como fotografias que registram sorrisos ou algo assim.
E ela vai lembrar disso também.

2 comentários:

disse...

e são essas as lembranças que nunca podem se perder.

=*

Anônimo disse...

nos somos hoje graças ao q ja fomos ontem...
é uma dialetica constante


me vi em varias situaçoes
hahahaha somos mto looser mesmo