domingo, 4 de outubro de 2009

carta ao tempo;

Depois daquele encontro fiquei desnorteada, não tive como enganar. Não queria ter saído correndo, mas você me deixou sem outra alternativa. Não aconteceram muitas vezes, poucos realmente conseguiram me deixar sem palavras para responder, e você o fez. Como?

Eu estava mexendo na minha bolsa depois que cheguei em casa. Entre a bolsinha de maquiagem e o maço de cigarro encontrei um pedaço de papel. Que pedaço de papel é esse? Achei que tivesse caído da agenda, eu te juro, eu nunca achei que você fosse capaz. Era sua letra ali, eu ainda sei reconhecê-la. Você escreveu bem grande e em cor vemelha, para que eu não tivesse como não entender.

Estava escrito ali, naquele pedaço de papel, aquela pergunta que surgiu do nada e que ainda me tira noites e noites de sono, sim, só atrás de uma resposta.

"Você se arrepende?"

Arrependimento, s. m. Pesar do que se fez ou do que se pensou; sentimento de dor; contrição; mudança de opinião.

Assim que li, pensei: por que eu me arrependeria? Você se arrependeu? É, mais uma pergunta sem resposta. Essa palavra é pesada demais para uma vida leve que nem a minha, you know. Mas não te diria um não, assim, de cara. Eu sempre fui sincera, sempre lhe disse o que vinha a mente, o que podia não passar de apenas uma ideia. Por isso demorei para responder.

Em todos esses dias que tirei para refletir sobre teu bilhete em minha bolsa, cheguei a várias conclusões. Todos se arrependem, não é? Que atire a primeira pedra quem nunca se questionou sobre algo feito ao olhar para trás. E quando eu olhei para trás consegui ver muitas coisas erradas. Mas eu teria, exatamente, que me arrepender do que fiz de errado? Acho que não. Ou sim? Que seja.

Tenho certeza que você também não saberia me responder esta pergunta. Foram tantas coisas, foram anos de conquistas, vitórias, e perdas também. Anos aprendendo a conviver com você dia a dia, nos momentos mais difíceis, mas passando por cima de orgulho, por cima de qualquer tentativa de me convencer que era melhor eu te deixar pra lá. Eu não deixei.

Se eu olhasse mais a fundo nos erros que cometi, poderia até encontrar algum pingo de arrependimento, mas o erro trouxe o conselho, o compreendimento, então não teria mais nexo eu me arrepender de tê-lo cometido.

Ai, olha. Talvez eu sinta sim algum arrependimento. Afinal, eu posso não ter te deixado, mas te deixei partir e levar minha paz com você. E se hoje eu me questiono se foi o melhor, é só porque eu sei que talvez tenha sido a pior opção escolhida. É, acredite se quiser, mas eu continuo com essa mania de auto-análise.

Arrependida ou não, eu só estou te respondendo pelo seguinte motivo: você me deixou sem respostas, mais uma vez.

E até quando será assim?

4 comentários:

gabrielaleite disse...

ai menine. ta bonito :) mas depois me explica direito

Sunahara disse...

Não é uma resposta simpes como sim e não, talvez. Responder não pode se resumir a isso, ou tudo no mundo seria certeza de 8 ou 80. As respostas não vão existir ao olhar os atos num prisma, ao testemunhar uma narrativa com mais de um foco. Assim são as grandes questões da vida... Sim ou não? O que importa mesmo é o que mudou em você.

=**

Anônimo disse...

que lindo :)
passarei mais vezes aqui.
:*

Anônimo disse...

nossa, entrei sem querer aqui e tenho que dizer.. os seus textos são ótimos, parabéns!