quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

don't watch me dancing;

estava sentada ali, observando as luzes piscando, procurando figuras no ar e pensando no acaso. cerveja quase no fim, pessoas dançando frenéticamente, gente se conhecendo e ela desconhecendo toda aquela euforia alheia, queria ficar só, ouvir a melodia e se afundar ali, naquele sofá, confortavelmente.

mais uma cerveja e uma rápida olhada para a pista, procura alguém interessante, um bom papo, uma ficada ou sexo casual. então: ele. não era desconhecido, o papo causaria dor-de-cabeça, uma ficada ia trazer mais problemas e o sexo ela já sabia que era bom (ou seja, mais problemas ainda). mesmo assim, aproximou-se. "oi" - e todos os seus pêlos se arrepiaram de uma única vez, seu coração acelerou e não sabia ao certo se seus pés ainda tocavam o chão. o abraço foi necessário para que ele notasse todas essas sensações e as sentisse também. não precisavam de palavras, olhares diziam mais, o toque das mãos dizia, por si, o quanto sentiam a falta um do outro. um minuto que parecia passar mais devagar.

ele deu um passo para trás, olhou bem ao fundo dos olhos dela e sorriu. ela fugiu ao sorriso e saiu andando pela pista, não podia ser de novo, não aguentaria mais uma vez. virou a cerveja e partiu pra vodca, pegou uma no bar e foi dançar.

os olhares continuavam se cruzando, cada vez mais descaradamente. ele - agora sentado naquele sofá - a olhava dançar, observava cada linha daquele corpo, sua expressão, o jeito como seus cabelos mexiam e como ela segurava o copo nas mãos. não podia existir nada de mais belo - ele pensava: mas então por que não ser? - e antes que achasse qualquer resposta já sabia que simplesmente não era.

"all her best years spent distracted by these tired reenactments with the right step she'll try her chances somewhere else"

ela pedia a deus para que fosse sonho, para que fosse a falta de drogas ou o excesso de bebida. ele não poderia estar lá, sendo que da última vez em que o viu, foi saindo pela porta dizendo que não iria mais voltar. ela olhava para as pessoas ao redor, pedia ajuda, gritava silenciosamente, chorava por dentro.

ele se levanta. o coração dela acelera. chega mais perto, passa suas mãos em volta da cintura dela. ela sorri para disfarçar. ele diz que se arrepende, que era um recomeço. ela deixa escapar uma lágrima. ele a beija. se tornam um só.

"something changes when she glances enough to teach you what romance is with the right step they try their chances somewhere else".

Um comentário:

Paulinha disse...

Gabi, kct...
Eu não sei escrever contos e admiro que o faz bem. Senti cada arrepio "dela" nessa história...queria que fosse maior pra saber onde daria...hehhee =)

nunca pare de escrever, ok?
=**