Ela continuava esperando. Preferia não olhar o relógio para evitar a frustração do tempo perdido, mas continuava ali.
Muita gente entrava e saia daquela sala de cinema e o maço de cigarro estava acabando. Nada. Olhava para os lados, procurava pistas, relia as mensagens no celular e tentava achar alguém na lista de telefones, assim só para fazer o tempo passar. Talvez seu maior medo sempre tenha sido parecer frágil. Parecia que todos estavam encarando-a.
Escondia a expressão de desconforto por de trás do cabelo caído no rosto. Era tímida e detestava quando alguém a observava daquele modo, assim como fazia o rapaz parado lá do outro lado da rua.
Ela desviava o olhar e fingia estar entretida procurando algo na mochila, mas quando acabava a encenação, ele ainda estava lá.
Mais uma hora e nenhum sinal. Uma vez ou outra dava uma passada de olhos para ver se o moço continuava do outro lado. Era como se esperasse algo também. Intrigada, tateou o último cigarro e o acendeu, ele levantou.
Ela logo cruzou os braços e fingiu não estar mais lá, enquanto ele atravessava a rua. Rezava para que alguém chegasse, que algo finalmente acontecesse. Mas nada.
Ele se aproximou e pediu o isqueiro. Ela procurou nos bolsos do casaco, achou, e lhe entregou rapidamente, como se temesse algo. Ele usou e sorriu devolvendo o objeto emprestado. Se olharam fixo por alguns instantes e ela, nervosa, voltou a se sentar no degrau da loja de R$1,99. Ele logo se sentou ao lado.
E ali ficaram, entre sorrisos e olhares, pelo resto da tarde.
3 comentários:
aposto que fez um por do sol lindo, nesse fim de tarde.
Tava com saudades dessa sua escrita!
O texto tá muito lindo, virou um dos meus favoritos. Adorei a cena!
Beijos
mas e depois???
=D
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