quinta-feira, 29 de julho de 2010

velha infância;

O sinal ficou vermelho. Conseguia me lembrar do sangue derramado na faixa de pedestres, como se tivesse vivido aquela cena. A lembrança ainda me marcava.

Quando pequena afirmava, com total precisão, que morreria cedo. Dizia à quem quisesse ouvir:
- Eu? Eu sei que vou morrer cedo, vinte e poucos, é como se soubesse desde que abri os olhos pela primeira vez.

O sinal permanece vermelho e tomo mais um gole de água. Respiro fundo para que entre mais vida em meus pulmões. Para que esta magia amedronte a morte que, talvez, já esteja dentro de mim.

Me auto-sabotei na infância, parece irônico, mas peço - todos os dias - antes de dormir, para que não me falte ar. Essa lembrança ainda me assusta, confesso. Mamãe me dizia que se eu não contasse meus medos, eles se tornariam realidade... Contei ao meu diário, não adiantou. Registro aqui e espero mais um dia nascer.

Como é bom, como é bom estar viva!

4 comentários:

Pedro Veríssimo disse...

Muito Bom!
gostei.

Paulinha disse...

Minha mãe sempre disse q não tinha a pretensão de viver muito e eu segui com o mesmo discurso. Estranho, né? =/

Sunahara disse...

Não precisa ter medo =)

Billy Boy disse...

Adorei isso!