segunda-feira, 30 de junho de 2008

she's feeling nostalgic.

Haviam três garrafas de água em cima da mesa. Dois dicionários. Um óculos para ler. Uma máquina digital. A voz de alguma cantora que fez trilha sonora de um de seus filmes preferidos ecoando, batendo nas paredes do pequeno quarto e voltando para seu ouvido, a luz apagada, sua cadela ao lado dormindo e o pensamento longe.
Por tanto tempo ela achava que não ia crescer, que certas coisas não iam mudar, e ainda costumava ter uma fé sem igual em coisas sem base, incertas, falsas. De desilusões ela entendia, decepções nunca foram surpresas para ela e ela já não chorava mais. Não derramava mais nenhuma lágrima por ninguém que não merecesse, não dizia mais "sim" quando queria dizer "não", não corria atrás, não perdia mais tempo.
O tempo agora era de inovar, de ir atrás de seus próprios sonhos, de superar seus medos, de se tornar alguém melhor do que já foi e do que era agora. Convicção nunca foi uma de suas qualidades, mas de uns tempos pra cá, ela estava mais certa do futuro e já não temia tanto o amanhã quanto ontem.
Existem livros para lembrar, histórias para lembrar, amigos para lembrar, festas para lembrar, dias, noites, cafés, cigarros, aulas, filmes, peças de teatro, shows, abraços, beijos, risadas, brigas, tapas, socos na parede, banhos, frio, calor, fome, comida, cerveja, tequila, vodca, wisky, água.
Mas viver de lembranças atrasa a vida, agora ela vive de futuro, de sede do amanhã, de vontade de ver, de viver, de ser, de aprender, de criar, de crescer, de viajar, de conhecer, de falar, de tocar, de sentir, de sonhar, de realizar, de cair, de levantar de novo, de tudo que ela ainda vai fazer, e sabe que vai.

A cantora da trilha sonora de um dos filmes preferidos era Aimee Mann, cantava com aquela voz doce que quase nenhuma outra cantora tinha: "she's feeling nostalgic
and feeling that fall, how could anyone ever fight it", a luz continuava apagada e ela sentada na cadeira olhando para o nada, é.. Agora é o futuro que importa.

2 comentários:

guilherme sanches disse...

eu tb tenho me sentido meio assim,cansado do passado,me identifiquei com o texto. saudades de conversar com vc gabiii;D

Anônimo disse...

a saudades deixa uma marca que nem o tempo apaga....
deve existir em algum lugar um jeito de tampar cada cicatriz sem esquecer q um dia ela esteve ali!
falta descobrir,falta encontrar, falta faz mto falta