segunda-feira, 20 de abril de 2009

aconteceu.

aconteceu. foi tão rápido que quando se deram conta tudo estava alagado. completamente cheio, água para todos os lados. baldes e baldes, e nada de diminuir. a cada minuto um pouco mais, mais água, mais. cheio, inundado.

faltou luz no bairro, tudo ficou apagado. era dia de festa e nada se via, o vento tratava de apagar todas as velas acesas. banho gelado, comida fria. silêncio total na vizinhança. ela foi deixada ali. ninguém apareceu. o garçom tentava disfarçar a surpresa, a amiga tentava acalmá-la. vergonha alheia. ele estava lá, mas tinha se esquecido.

aconteceu. o farol abriu e ela atravessou. caminhou mais uns quatro ou cinco quarteirões e sentou ali. as bochechas rosadas não a deixavam esconder a vergonha, mas o cigarro ia ajudando. a cada tragada ela se sentia mais forte, e após uns dois ou três conseguiria encarar de frente.

faltou coragem, tudo por água abaixo. era dia de ficar sozinha, o vento batia em seus cabelos e acalmava o coração. taquicardia, aperto. silêncio no quarto. ela deixou tudo ali e ninguém perguntou nada. ele estava lá, mas tinha se esquecido.

aconteceu. o sol apareceu no canto da janela e ela despertou. tomou uma xícara de café e saiu dali. seguiu andando até aquela praça de sempre, sentou-se e abriu o livro, leu: "dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.". isso. emoções contraditórias, gosto. ele sempre estava certo.

faltou vontade, tudo deixado para trás. era dia de levantar mais tarde, o vento batia forte contra as árvores e acelerava o coração. tranquilidade, paz. silêncio. ela foi embora e todo mundo se perguntou o porque. ele estava ali, mas tinha medo de dizer.

aconteceu.
ela foi para lá, e se esqueceu de dar tchau.

Nenhum comentário: